Eu ♥ Adaptações: Precisamos Falar Sobre o Kevin

Alô você. Hoje estou aqui para falar sobre a adaptação de mais um dos meus favoritos. Você, querido leitor, pode até pensar que eu adoro vários livros/filmes, mas na verdade não é assim, só que estou aproveitando as primeiras postagens dessa coluna para falar especialmente dos meus queridinhos, enquantos eles ainda existem na lista. E o favorito do dia é um que entrou recentemente para a minha lista de amores eternos: Precisamos Falar Sobre o Kevin.

Não quero parecer arrogante nem que você tenha uma má impressão, mas por favor, mantenha a calma e tenha muito cuidado com o que vai ler a seguir: eu não acho que este seja um livro/filme que agrade muitas pessoas, pois é uma obra mais introspectiva e também possui um teor um pouco mais cult; principalmente o filme, onde as cenas silenciosas são muito mais significativas que as passagens com diálogos.

Precisamos Falar sobre o Kevin é um romance de ficção publicado em 2003, escrito por Lionel Shriver e foi adaptado para o cinema em 2011, pela realizadora escocesa Lynne Ramsay. O filme obteve os prêmios de melhor atriz para Tilda Swinton no Prêmios do Cinema Europeu 2011 e nomeação a mesma categoria no Globo de Ouro 2012 e SAG 2012. A seguir, o pôster e a sinopse da obra:

Eva (Tilda Swinton) mora sozinha e teve sua casa e carro pintados de vermelho. Maltratada nas ruas, ela tenta recomeçar a vida com um novo emprego e vive temorosa, evitando as pessoas. O motivo desta situação vem de seu passado, da época em que era casada com Franklin (John C. Reilly), com quem teve dois filhos: Kevin (Jasper Newell/Ezra Miller) e Lucy (Ursula Parker).

Seu relacionamento com o primogênito, Kevin, sempre foi complicado, desde quando ele era bebê. Com o tempo a situação foi se agravando mas, mesmo conhecendo o filho muito bem, Eva jamais imaginaria do que ele seria capaz de fazer.



A história, tanto do livro quanto do filme é contada de trás para frente (in fines res), e as cenas vão se alternando entre passado e presente. Talvez possa ser um pouco difícil de acompanhar para quem não esteja familiarizado com a obra do livro, mas acho que com um pouco de esforço e paciência tudo se torna bem evidente e simples. Tilda Swinton, que interpreta Eva Katchadourian, é a mãe de Kevin e tem que lidar com a grande merda que se tornou sua vida desde o "incidente" gerado pelo seu querido primogênito. Na verdade, ela nunca quis ser mãe, e o seu relacionamento com o primogênito sempre foi bastante complicado, desde quando ele ainda era um bebê (e o filme deixa isso bem claro de uma maneira assustadora). A atuação da atriz é simplesmente espetacular, o que justifica as indicações e o prêmio recebido.

Ezra Miller (♥) interpreta o Kevin adolescente, enquanto Jasper Newell o interpreta quando ele tinha 6/8 anos e Rocky Duer completa o trio de Kevins, interpretando a sua mais tenra infância. Os três representam muito bem as três distintas fases do protagonista, mas o Ezra Miller é simplesmente espetacular em sua sociopatia/psciopatia/ou seja lá o que quer que seja. Sou bastante suspeito para falar desse ator porque me tornei um grande fã porque os seus personagens sempre me cativam de uma maneira, digamos, peculiar. (E o fato de que ele interpretará Patrick em "As Vantagens de ser Invisível", que eu estou simplesmente morrendo para assistir também contribui muito a seu favor).



O filme retrata muito o relacionamento da mãe com o seu primeiro filho, dos esforços dela em tentar estabelecer algum tipo de laço afetivo com sua cria e tudo o mais, mas a grande questão do filme (e também a do livro) é: "será possível odiar um filho?", e Eva vive nesse conflito de não saber se ama ou odeia o seu filho por causa do comportamento dele, e Kevin mostra muito bem que ele não se sente amado, mas ao mesmo tempo estabelece um laço afetivo bastante forte com sua mãe porque os dois, querendo ou não, são muito parecidos. Como podem ver, é uma história um pouco complicada, e por isso tem um teor mais "cult" e, foi também por isso que disse no começo que pode ser uma história que não agrade a todos os públicos.

Em um determinado ponto, Eva considera que seu relacionamento com Kevin é um caso perdido, que nem toda a luta do mundo poderá aproximá-los e torná-los "próximos" como deveria ser o relacionamento de uma mãe com um filho, e é aí que ela decide de verdade e pela primeira vez, se tornar mãe. E é nesse ponto que nasce a irmã de Kevin, Celia (interpretada por Ashley Gerasimovich), que é totalmente o oposto do irmão. Celia é bondosa, generosa e ama muito os seus pais e demonstra isso sempre que possível. Ela é frágil, delicada e inocente, e o seu comportamento "exemplar" chega até a assustar Eva por um determinado momento (já que a criação de Kevin foi bastante difícil, ela acreditava que a criação da filha também seria, mas na verdade, foi bem tranquila). Infelizmente, a garota idolatra o irmão e ele a utiliza como uma pequena escrava para fazer tudo para ele (coisas lindas do relacionamento fraterno, não é mesmo?). Mas Eva acredita que, com Celia, ela conseguiu, realmente, se tornar mãe.



O marido de Eva, Franklin Plaskett (interpretado por John C. Reilly), é um homem ingênuo que ama os filhos acima de tudo. Enquanto Eva consegue ver o "verdadeiro lado" de Kevin (simplesmente maligno), Franklin acredita que seu filho é um garoto bondoso e exemplar (e na verdade, o primogênio realmente banca o sociopata quando está perto do pai, o que é assustador de se ver - principalmente quando se trata de um garoto de 6/8 anos). Durante todo o livro (no filme, apenas em algumas passagens), Franklin fica simplesmente horrorizado com os pensamentos que Eva tem a respeito de seu filho. Eva vê os pequenos detalhes que tornam Kevin o "monstrinho da mamãe" (e não de uma forma carinhosa), e não consegue convencer Franklin de que eles existem e estão ali presentes.

As memórias de Eva vão caminhando em flashbacks ao longo do filme até culminar no incidente que levou o seu filho para a prisão e a fez se separar de seu marido e sua filha. Eva é maltratada pelo comportamento de seu filho delinquente e ela simplesmente não entende o porquê de ele ter feito o que fez, e não acredita que o que ele fez seja culpa dela (aquela velha história de que os pais devem ser culpados pelos erros dos filhos, sabem como é), pois ela acredita que algumas pessoas são simplesmente más, e não existe essa baboseira dos pais terem que "educar" os filhos, pois algumas vezes, simplesmente não há esperança. Afinal, como você pode educar uma criança que, desde bebê já é praticamente um psicopata?



No geral, o filme é excelente. Mas como eu disse, duas vezes já, e acho que vale frisar: é um filme que requer paciência. Ele é meio lento no começo, existem muitas cenas silenciosas, e o "jogo de memória" em cinco tempos (antes de Kevin, Kevin bebê, Kevin criança, Kevin adolescente, Kevin na prisão) podem confundir o espectador, mas é uma história espetacular, cheia de significado e reflexões (especialmente nas cenas que parecem mais sem sentido, mas acho que o livro ajuda muito a entender essas cenas em particular). Eu altamente recomendo a leitura do livro, pois acredito que possa esclarecer muito a mente do espectador, e algumas das reflexões presentes na obra (e que, obviamente, não puderam ser adaptadas para o cinema) são fantásticas, e deixam o leitor realmente se debatendo sobre aquilo.

Há uma passagem do livro que eu quero deixar aqui para vocês, porque acho que ela "resume" o relacionamento do Kevin com sua mãe, pelo menos em um primeiro momento, e também para servir de atrativo para fazê-los se interessarem pela obra. E, no mais, deixo o trailer e desejo a todos uma boa sessão! E se possível, uma boa leitura também.

Quando parei de me revirar para pôr o casaco, ele disse: "Você pode enganar os vizinhos, os guardas, Jesus e sua mãe gagá com essas visitas de mãe boazinha, mas a mim você não engana. Continue com isso, se quer uma estrela dourada. Mas não precisa arrastar a bunda até aqui por minha causa." Depois acrescentou: "Porque eu odeio você."

Sei que os filhos dizem isso a todo momento, nos acessos de raiva. Eu odeio você, eu odeio você!, olhos espremidos, tentando conter as lágrimas. Mas Kevin está com quase dezoito anos e não falou isso com raiva.

Faço uma ideia de que seria de esperar que eu respondesse: Ora, ora, eu sei que você não falou a sério, quando sei muito bem que falou. Ou então: Eu o amo de qualquer maneira, meu jovem, goste você ou não. Mas eu tinha uma vaga suspeita de que justamente por seguir esses roteiros prontos é que eu acabara aterrissando numa sala quente de cores berrantes, cheirando a banheiro de ônibus, numa tarde de dezembro adorável sob todos os outros aspectos, num clima de uma clemência inusitada. De modo que, em vez dessas frases feitas, eu disse, no mesmo tom informativo: "Em geral eu também odeio você, Kevin", e me virei para ir embora.


2 comentários:

Unknown disse...

gente eu tinha muito medo desse livro, só via gente falando q era assustador ahuhasu o povo doido
fiquei interessada no livro e adorei o trailer do filme

Anônimo disse...

É meio que um "terror psicológico", nada igual a filmes de terror e afins. HAHAHA. Mas eu acho excelente, o livro e o filme. E sou simplesmente apaixonado pelo Ezra Miller, principalmente no seu papel de Kevin (aquele esquisito que tem "tombos" por psicopatas, HAHAHA).

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