Coluna CNA: Renata Müller
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A Autora:
Renata Müller Cardozo é bacharel em Psicologia pela Universidade
Regional de Blumenau. Paranaense, atualmente reside com seu marido em
Florianópolis, Santa Catarina, onde é servidora pública.
Trecho do livro "Antes de Você Chegar"
1. MEG
Tinha alguém me seguindo. Não sei
quando foi que eu percebi isso, mas a sensação de alguém me observando
estava lá. Minha colega, Samantha – que era chegada nessas coisas de
sobrenatural, percepção extrassensorial e coisas genéricas de séries de
TV – havia dito que ou eu estava sendo perseguida, ou eu “era objeto de
possessão demoníaca”. Como eu não acreditava em fantasmas ou demônios e
não me achava interessante o bastante para algum psicopata tomar nota,
eu deveria estar simplesmente maluca.
Poderia ser só uma impressão
recorrente. Ou talvez o Pedro houvesse tido uma recaída. Só que ele
estava no trabalho naquela hora e eu sabia que ele não andava cabulando o
serviço porque eu revistava a carteira dele.
Na hora em que eu saí do serviço,
estava ventando. O outono havia chegado, mas sempre havia vento naquela
bendita cidade. Estava atravessando a rua no semáforo e o vento bateu
em mim com tanta força que quase me fez perder o equilíbrio. Meu cabelo
voou em todas as direções, feito uma medusa. Meu elástico tinha caído no
chão. Baixei para pegar e depois tive que correr para atravessar antes
de o sinal abrir para os carros.
Foi quando eu parei na calçada
para amarrar o cabelo, que vi a caminhonete. Era como em um daqueles
filmes em que a pessoa que está para morrer vê a vida toda passar diante
dos olhos. Exceto que eu não estava morrendo, mas eu me lembrava de já
haver visto aquela caminhonete mais de uma vez.
Tentei pegar o número da placa,
mas o semáforo abriu e ela arrancou rápido, cantando pneu. Tudo que eu
consegui guardar foram as letras, MEG. Parecia nome de gente. O nome
daquela atriz que a Marina dizia que achava uma fofa, das comédias
românticas de sexta à noite, de antes de ela arranjar um namorado.
Aquilo era um sinal. Só podia ser isso. Era sinal de que eu iria receber
a minha carteirinha de maluca.
Prendi o cabelo como deu, mas o
vento ainda estava tão forte que não tinha como fazer um rabo-de-cavalo
decente. Uns fios escapavam e ficavam voando em volta do meu rosto. Se
eu abrisse a boca para respirar, comeria cabelo. Era uma das coisas que
eu não gostava naquela cidade. Ela não conseguia decidir. Ou era quente
de rachar, ou tinha aquele vento gelado que parecia que iria levar a
minha roupa embora.
Já havia escutado várias
histórias, lendas urbanas, de coisas que o vento havia feito. Tipo a da
mulher que estava esperando o ônibus e a lufada fez com que ela fosse
parar na rua, na frente de um caminhão PAM! Atropelada. Algumas vezes eu
acreditava que essa história poderia ser verdade, especialmente quando
achava que eu mesma iria ser levada embora. Talvez eu fosse para Oz,
igual à Dorothy do filme.
Peguei o ônibus lotado no
terminal. Era uma sensação bem próxima de ser uma sardinha. Exceto que
sardinhas não têm cheiro de suor e não ficam tentando se apalpar na
latinha. As pessoas mais espertas estavam sempre com fones de ouvido no
ônibus. Eu havia desistido de comprar qualquer tipo de eletrônico. Eu
sempre dava um jeito de perder, na rua ou em casa. No final das contas,
era muito caro ser avoada. Era mais barato ficar ouvindo as pessoas
conversando alto sobre coisas idiotas que não me diziam respeito. Eu
quase tinha vontade de me intrometer algumas vezes.
Fiquei olhando para fora,
tentando me segurar da melhor forma possível, já que o motorista parecia
ser um piloto de Fórmula 1 aposentado. Vi uma mulher fazer o sinal da
cruz enquanto o ônibus passava por cima da ponte. Era exatamente como eu
me sentia, como se estivesse entregando a minha alma, mas eu já estava
habituada com a sensação.
Quando saí, o ônibus já havia
esvaziado. Desci um ponto antes, para ficar na frente da locadora. O
balconista me conhecia desde a época que eu ainda fingia ser uma boa
garota. Ele me chamava de Amélie, por causa da Amélie Poulain do filme[1].
Naquela época eu tinha cortado o meu cabelo curto e tinha ficado
parecido com o da personagem. O cabelo já havia crescido tinha muito
tempo, mas o rapaz continuava me chamando daquele jeito. Acho que ele
deveria gostar do filme, ou qualquer coisa assim.
— Amélie, eu consegui o filme que você queria! — o balconista disse, ao me ver.
Ele era um tipo desengonçado,
meio alto, magrelo e ruivo. A Marina antigamente achava que ele tinha
alguma coisa por mim e eu achava que ela tinha razão. Não que ele não
fosse atencioso com todos os clientes, mas ele sempre parecia
excessivamente feliz quando me via.
Ele tirou a caixa de debaixo do
balcão, como se fosse alguma coisa proibida. Se fosse alguma coisa
ilegal, ele não poderia fazer mais segredo. Uma mulher gorda, que estava
parada na frente da prateleira dos lançamentos, deu uma olhada
atravessada. Pela cara dela, deveria estar achando que era um filme
pornô. Deveria ser uma daquelas carolas religiosas, que passam os dias
na igreja e de noite transam com a luz apagada.
O filme não tinha nada de
pecaminoso. Era só um filme velho que eu já tinha visto algumas vezes.
Gente como a Gente, era o filme. Se a velha visse o “como” do título
escrito na capa, iria provavelmente achar que ele queria dizer outra
coisa. Quando uma pessoa tem a mente suja, tem a mente suja. Iria acabar
lendo “Gente come Gente”, um pornô sem escrúpulos, ou um filme estranho
sobre canibalismo.
— Tive que mandar vir da filial — ele continuou, alheio aos meus pensamentos.
— Obrigada, você é um anjo — agradeci, mas não conseguia lembrar o nome dele.
Era Ilson? Wilson? Nilson?
Tirei o dinheiro do bolso para pagar a locação, mas ele segurou a minha mão.
— Por conta da casa, Amélie —
falou e demorou um pouco mais para soltar minha mão do que precisava.
Não que ele precisasse ter segurado em primeiro lugar.
A cara da velha era de quem iria
dizer “pouca vergonha”, ou qualquer coisa do gênero. Era bem aquele tipo
de gente que não pode ver ninguém segurando a mão de outra pessoa sem
ter segundas intenções. Ele tinha segundas intenções, claro. Quando é
que homem não tem segundas, terceiras, quartas intenções? Pergunte ao
Pedro.
— Valeu, — congelei, como é que era mesmo o nome dele? Ortelino Troca-Letras? — Otis. Obrigada.
Era a única pessoa no mundo que
deveria se chamar Otis. Esse era o tipo de nome de pessoas que já
nasceram velhas. Eu não conseguia imaginar uma criança chamada Otis.
Quem era o pai que dava para o filho nome de elevador?
Peguei o filme e guardei na
bolsa. É claro que tratei de me mandar dali antes que ele inventasse que
tinha direito de me convidar para qualquer coisa idiota e eu me
sentisse na obrigação de aceitar porque ele havia me dado uma locação.
Saí para a rua escura. Tinha
noites em que a iluminação pública parecia não ser o bastante para
iluminar tudo que deveria ser iluminado. Por sorte, eu estava apenas a
duas quadras de casa.
O vento mexia as folhas das
árvores, fazendo as sombras dançarem. Quando as sombras mexiam daquele
jeito, davam a impressão de que algumas coisas eram maiores. Já estava
quase em casa, quando um cachorro fuçando no lixo me fez dar um pulo.
Dei dois passos antes de perceber que não era um cachorro, mas um rato.
Pelo tamanho deveria ser um rato mutante. Só deveria comer frango cheio
de hormônio. Ou, talvez, fosse uma experiência genética que não tinha
dado certo.
Subi a escadinha da frente de
casa correndo. Minha mão tremeu tanto que quase não consegui colocar a
chave na fechadura. Pareceu uma eternidade antes que eu conseguisse
entrar e fechar o rato-mutante-alienígena para fora, ou para qualquer
mundo de onde ele houvesse vindo.
Fiquei com as costas grudadas na
porta por alguns segundos, só me mexendo para acender a luz do lado da
porta. Nessas horas eu odiava chegar a uma casa vazia. Não havia ninguém
que eu pudesse chamar para me socorrer de ratos, baratas e coisas
nojentas. O Pedro só chegava pela meia noite, isso quando ele não parava
em um bar e me chamavam para buscar ele de madrugada. Minha mãe era
quem fazia isso, quando ela estava viva. Mais uma das heranças que ela
tinha deixado para mim. Isso e um peito chato.
Quando decidi que o rato não iria
arrombar a porta atrás de mim, fui passeando pelo andar debaixo e
acendendo as luzes. Tirei o filme da bolsa, antes de jogá-la no sofá da
sala, e coloquei-o no aparelho. Deixei-o rodando enquanto ia para a
cozinha esquentar as sobras do almoço no microondas.
Eu alugava muitos filmes, mas não
era tanto para assistir. Eu precisava de barulho em casa. Era algo
parecido com o que eu fazia acendendo as luzes. Era para não sentir o
silêncio e o fato de a casa estar vazia.
O macarrão esquentado no
microondas não esquentava por igual. Uma garfada parecia tremendamente
quente e a outra fria de geladeira. Comi o macarrão frio-quente enquanto
passeava pela sala. Acabei encostando-me no sofá debaixo da janela que
dava para a rua. As aulas do colégio noturno ali perto deveriam ter
terminado mais cedo. Havia vários grupinhos passando e falando alto. Uns
rapazes estouravam bombinhas para assustar as meninas.
Sorri, vendo uma das garotas
pular como uma desesperada. Quase achei que ela houvesse visto o rato
gigante. Se a saia dela não fosse tão justa, talvez tivesse levantado
naquela hora. Talvez fosse exatamente isso que o rapaz quisesse. A
menina tentou dar uns tapas fingidos no rapaz, que estava quase se
contorcendo de tanto rir.
Como eu estava olhando na direção
deles, percebi quando passaram por algo que estava meio que escondido
na sombra. Quase parecia um fantasma, um vulto no escuro. Primeiro achei
que era um parente do ‘rato-mutante-do-espaço-sideral”. Quase dava para
imaginar os olhos brilhando no escuro. Depois, percebi que era mesmo um
homem. A garotada passou por ele sem dar uma olhada. Talvez fosse mesmo
um fantasma, alguém que não existisse de verdade ali, fruto da minha
imaginação.
Só que ele saiu do lugar. Mancou e
entrou em uma caminhonete que estava estacionada bem ali. Se eu
conseguisse ver a placa, tinha certeza de que ela leria MEG.
Era oficial. Eu tinha um perseguidor.
Gostou? Então venha prestigiar a autora e adquirir em primeira mão o livro na Bienal:
JR
estande 78 - JR78
dia 17 às 16:00 hrs
Editora MODO Tradicional
Merry Meet!
Roxane Norris
Eu ♥ Momentos Literário: Modo na Bienal
Marcadores: Bienal SP, Editora TRADICIONAL MODO, Eu ♥ Momentos LiteráriosEu ♥ Resenhas: O Imortal - A Saga de um Guerreiro
Marcadores: APED Editora, Eu ♥ Resenhas, O Imortal - A Saga de um Guerreiro, Vanessa Orgélio
Título Original: "O Imortal - A Saga de um Guerreiro"
Autor:
Vanessa Orgélio .
Ano: 2012.
Páginas: 216 páginas.
Editora: APED.
Edição: 1ª edição.
Maxwell Mount'Alt seria apenas um jovem camponês, como outro qualquer, se não tivesse perdido a mãe tão prematuramente e sido criado por uma mulher, cujo o vinculo de afeição entre os dois beirava o de mãe e filho. Em tão tenra idade, Maxwell foi levado a tornar-se um guerreiro. E com essa honraria, vieram também a destreza da espada e a bravura de espírito... Mas como se o destino ainda achasse pouco, os feitos do jovem, uniu-o à Magia.
O que poderia ser um simples história de um camponês que, por valor, sagrou-se guerreiro, ganha contornos de drama e romance quando nos é apresentado o verdadeiro destino do jovem: vencer em batalha o único homem do qual ele não lembrava o rosto... Vencê-lo num duelo em que o fim seria a morte. A morte de seu pai. Um homem corrompido pelo mal contido na espada que empunhava. Um destino que Maxwell não escolheu para si.
Eu admirei essa história na primeira vez que pus meus olhos nela, e apesar de ter lido-a ainda com olhos de agente literária, eu voltei a me deliciar quando tomei o livro em meus dedos e o folheei com leitora ávida. A história em si, pode não saltar aos olhos como a ambição de um autor de ser pleno em sua primeira obra, mas a Vanessa consegue e nos envolve de tal forma, e tão parcimoniosamente, que é impossível não sorver seu livro em poucas horas.
Talvez pela desprenteciosa narrativa da autora em não rebuscar demais o palavreado ou até mesmo as cenas, a trama corre suave, serena... Porém, jamais sem peder o ritmo. Entre aventuras e romances; entre medo e ansiedade, desfrutamos de momentos intensos ao lado de Maxwell.É impossível ler essa obra e se tornar indiferente à ela, pois são poucas autoras que emprestam tanta leveza e intensidade ao tipo de abordagem romântica pouco vista no cenário de novos talentos nacionais.
Tenho certeza que a autora ainda irá nos brindar com muitos outros romances de grande desempenho de suas letras como este. Esta é a prova de que não ficamos a dever em nada as romancistas estrangeiras.
"A imortalidade pode ser uma grande benéfice quando o tempo está ao nosso favor, mas se nosso coração está aquecido, passamos a correr contra nosso destino, e ela apenas um mal que devemos sobrepujar..."
Leitura recomendadíssima!!!
Blog da autora: http://www.vanessaorgelio.blogspot.com/
Merry meet!
Roxane Norris
Eu ♥ Entrevistas: Rubens Conedera
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Olá queridos!!!
Comemorando esse Dia do Escritor, viemos abraçar todos nossos amigos e parceiros, que iniciaram essa jornada consoco, ou ainda, juntaram-se a nós no caminho, que é longo e incansável, pelo mundo dos livros.
Como não caberiam todos nessa página, escolhemos um que representa-se a maioria.
Rubens Conedera foi destaque da MODO Tradicional no catálogo de Maio-Junho pelo desempenho de vendas do seu livro "Carmela e Lorenzo". Rubens chegou à editora, através do movimento denominado
Clube dos Novos Autores, que constatou seu talento e pediu uma oportunidade
para ler, primeiramente, uma resenha vinda de lá, o que nos instigou a
curiosidade, decidindo, desta forma, pedir seu original para análise.
O autor tem um traço muito peculiar na escrita, pois expressa
genuinamente sua sensibilidade, dando vida aos personagens como se elas sempre
estivessem presentes na vida de quem lê seus escritos. Os detalhes e
caracterização da época e dados históricos estão presentes, assim como, sua
sintonia com seus personagens, como se íntimos dele, fossem, provando
assim, a dedicação e amor pelo o que faz.
Rubens Maciel Conedera nasceu na cidade de Pelotas,
Rio Grande do Sul, no dia 14 de junho de 1978. Vem da infância, o gosto pela
leitura e escrita, incentivado pelos pais e professores. Da infância a
adolescência, enchia cadernos e mais cadernos com HQs recheadas com muitas estórias
vividas por várias personagens. Quando
começou a estudar eletrotécnica em 1994, associou-se a uma biblioteca mantida
por uma instituição ligada as indústrias de sua cidade, onde começou a explorar
autores de obras de ficção mais maduras; assim como assuntos ligados a História
e esoterismo.
Apaixonado por História da Arte e História de
varias religiões, ingressou em 2010 no curso de Licenciatura Plena em História,
na UFPEL, onde entendeu o árduo processo de pesquisa para desenvolvimento de
uma obra, após encontrar dificuldades para escrever seu primeiro romance em
2009. No ano de 2011 Rubens foi
convidado a fazer parte do movimento coordenado pela autora Adriana Vargas,
chamado Clube dos Novos Autores, onde seu trabalho recebeu atenção e
projeção.
1
– Todo escritor tem uma história para contar de como foi seu primeiro contato
com o universo da leitura, primeiramente, e depois com a escrita definitiva de
um texto. Como foi que o desejo de ser escritor se apresentou para você?
R.C: Meu contato com livros começou
cedo. Meus pais, apesar da pouca escolaridade, sempre nos incentivaram, de
forma que minhas lembranças com livros vêm de muito cedo, os livros com poucos
textos e grandes figuras. Deste ponto em diante, ler Hq’s e revistas se tornou
um passatempo agradável, assim como as redações escolares que fluíam com
facilidade. Como desenho também, criar Hq’s foram com certeza foram minhas
primeiras “grandes criações”. O contato com autores mais maduros começou na
adolescência, de forma que mesmo sendo um técnico, nunca deixei de ler. Na empresa
que trabalhei até a pouco, quem atualizava o acervo da biblioteca para
funcionários era eu. A vontade de escrever na realidade ressurgiu em meados de
2008 e 2009, depois de ler um livro que eu achei muito ruim, sem qualidade, o
que me fez lembrar minhas estórias; pensei: “Se este livro foi publicado, acho
que tenho chances”. A ideia para uma estória já existia, foi só colocar em
pratica.
2
– Esse é seu terceiro livro, na verdade. Houve muito amadurecimento do escritor
Rubens nesse processo até conceber “Carmela e Lorenzo”? Quais fatores você
destacaria desse aprendizado, que no final, é constante, não é?
R.C: Sim, existiu um amadurecimento sim.
Hoje leio meus primeiros originais com carinho, mas penso: “Não acredito que
escrevi isto”; mas era o inicio. A leitura e o exercício da escrita em si nos
aprimoram mais e mais; de forma que devem ser exercícios constantes. Quanto
mais lemos e escrevemos, mais nos aprimoramos; e esperamos que a inspiração nos
visite.
3
– Seu processo de criação dos personagens principais envolveu um casal famoso
da Literatura Universal – Romeu e Julieta –
E você em momento algum esconde isso. Até que ponto a inspiração em
outros personagens e autores é, na sua opinião, um fator agregador positivo
para a obra?
R.C: Começo falando que nada vem do
nada. Sempre estamos sendo influenciados, por pessoas, meios e histórias. Seria
desonesto de minha parte não admitir que Romeu e Julieta me influenciou, ou
ainda Tristão e Isolda. A leitura de outras obras faz parte do processo de
criação e principalmente informação, pois o autor deve estar sempre atualizado,
ou no mínimo, informado sobre o que escreverá. Lendo, temos também a noção de
parâmetros, saberemos o que queremos ou não para a obra, em qual gênero nossa
escrita vai se encaixar. Ler grandes autores do passado para mim é na verdade
um fascínio, pois são obras que parecem sempre atuais, nos oferecendo nuances e
variações incríveis.
4
– Há alguma palavra que definiria seu processo de criação? Qual seria e de que
forma ela o reflete?
R.C: As palavras que definiriam a forma como crio seriam empatia e
amor. Empatia, por que procuro trocar de lugar com as personagens, o que muitas
vezes trás sofrimento. E amor por que procuro me dedicar as minhas obras com
afinco, procuro sempre dedicar tempo com pesquisa, já que meus três livros
possuem passagens históricas. O amor nos leva a fazer tudo com dedicação, desde
o trabalho até a forma que trato as pessoas que me cercam, das quais cuido,
zelo e me entrego.
5
– “Carmela e Lorenzo” tem um pouco de tudo: mistério, romance, aventura. Essa
diversidade de elementos é algo que você sempre se empenhe em apresentar sempre
em suas obras, ou isso vai do tipo de narrativa que sua mente esteja
desenvolvendo no momento?
R.C: Nos três livros que escrevi estes
elementos sempre estão presentes naturalmente. A quantidade de cada elemento
varia de obra para obra, mas sempre estão ali. O primeiro livro é um romance, o
segundo é mais dinâmico, rápido, com muita ação e mistério, pois é uma busca
cheia pistas a serem seguidas e decifradas. Em ambos existe o romance. Acho que
“Carmela e Lorenzo” não foge disto, mas é completamente diferente dos outros
dois. Acredito no Zodíaco, e acho que é uma marca do meu signo (Gêmeos) não
focar em uma coisa só, e isto se reflete em minhas obras.
6
– Estar entrevistando um autor da MODO e
não falar na Adriana Vargas é até um sacrilégio. E, eu sei que você tem todo um
carinho pelo CNA – Clube dos Novos Autores. Conta um pouco de como esses “dois”
entraram na sua vida e o que significou para você.
R.C: Só posso falar de “Carmela e
Lorenzo” como uma obra de verdade, publicada por uma editora, graças à Adriana
Vargas e ao CNA. Eu não tinha grandes pretensões quanto a este livro, apesar de
me esmerar para escrevê-lo. Recebi o convite da Adriana para fazer parte do CNA
em meados de julho de 2011, depois que a sinopse do livro chamou sua atenção.
Daí em diante, minha vida mudou radicalmente, pois a visibilidade que meu livro
alcançou foi incrível. Depois da resenha feita por Adriana e publicada no CNA,
as coisas aconteceram de forma muito rápida.
Adriana Vargas é de uma sensibilidade apuradíssima, e por sua resenha vi
que ela captou tudo que eu queria passar em minha obra. Adriana e o CNA são
marcos importantes em minha vida, passando a existir um “antes e depois” deles.
Minha gratidão é maior que o mundo. Ainda guardo a resenha feita por Adriana, e
a leio de vez em quando. Lembro do final, em que Adriana escreveu que a obra
era “digna de publicação, tranquilamente”. Então, através de Adriana e do CNA,
a MODO Editora Tradicional entrou em minha vida, avaliando o livro, aprovando
sua publicação, e tratando-o com um profissionalismo e respeito
impressionantes.
7 – Vou
deixar esse espaço para você dar um gostinho de “Carmela e Lorenzo” para o
leitor, e uma dica para aquele autor iniciante que está te lendo nesse momento.
R.C: Este é um trecho do livro, da pág. 38:
- Não demore, Carmela, vamos jantar em poucos minutos.
- Já vou
senhora, faltam poucas tigelas! – respondi, voltando a lavar as tigelas em um
barril de água, que ficava nos fundos da capela. A estradinha da propriedade
que circundava a capela era ladeada por árvores, a chamada 'macchia
mediterrânea', e por belos pinhais, reforçando as belezas daquela região. A luz
da lua não penetrava ali, projetando uma sombra pesada sobre a estrada. Eu
ouvia as criaturas dos bosques, pássaros e insetos que tocavam juntos a
sinfonia noturna da natureza, de forma intrincada, mas estranhamente harmônica.
Ouvi passos que se aproximavam, e olhei em direção ao limite entre a luz
prateada da lua e as sombras das árvores, que pareciam engolir a estrada. O som
dos passos ficava mais alto, e eu forcei meus olhos mais uma vez, tentando
enxergar quem se aproximava. Terminei de lavar a tigela, e olhei para a
estrada, desta vez vendo um homem caminhando em minha direção, saindo das
sombras.
- Quem é você? – gritei, sem ouvir resposta.
Fiquei
assustada, peguei todas as tigelas em meus braços e corri em direção à casa que
ocupávamos, logo após a capela. O homem era muito rápido, parecia querer me
alcançar. Acelerei meus passos, tentando segurar as tigelas. Olhei para trás e
o homem já ensaiava correr, aterrorizando-me. Corri o máximo que consegui e
comecei a chorar. A distância, antes curta, parecia agora gigantesca, como se o
pânico a aumentasse, ou tornasse meus passos menores. As sapatilhas baixas que
me calçavam ficaram pelo caminho, e os tecidos do velho vestido que eu usava
para trabalhar pareciam tentáculos segurando meus tornozelos. Eu pouco
enxergava o caminho a minha frente, a escuridão e os galhos das árvores
pareciam conspirar contra minha fuga, como se quisessem que o estranho me
alcançasse. A uma certa distância da casa gritei desesperada, agora ouvindo a
respiração do estranho em minhas costas. Senti dedos frios em minha nuca, e
quando arqueei o corpo tentando me esquivar de meu perseguidor, tropecei em uma
pedra e cai no chão. Ouvir as tigelas de louça quebrarem era o que menos me
preocupava no momento. Ele tinha me alcançado, eu estava caída e indefesa
diante de um malfeitor, sem ninguém por perto.
Tenho a dizer ao autor iniciante, que nossos sonhos
são o que temos de mais importante. Uma vez meu pai me falou: “Nunca deixe
ninguém te influenciar, corra atrás do que quer”.
Corram atrás de seus sonhos, pois eles se tornarão realidade.
Cuide de sua obra com carinho, pois o leitor merece nosso respeito, e só
daremos isto a ele com textos de qualidade, inovando. Devemos lembrar, que nem
todos gostarão do que escrevemos, e mesmo com negativas, não desista, persista,
pois livros são mágicos, e possuem um poder enorme.
Agradeço a Roxane pelo convite, foi um prazer falar um
pouco sobre meu trabalho!!
Rubens,
obrigada pelo carinho, em nome do Eu ♥ Livros, e muito sucesso para ti e sua
obra “Carmela e Lorenzo”.
Para comprar o livro, acesse:
Em breve queridos trarei a resenha desse livro, assim como "Oitavo Pecado" Da Adriana Vargas Aguiar que estou doida para devorar **.**
Merry Meet!!
Lembrando que dia 28/07 estarei prestigiando o site Novos Escritores na Nobel do Norte Shopping aqui no Rio de Janeiro, e não se esqueçam da Promo de Immortales rolando até dia 31/08!
Beijokas
Roxane Norris
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