Eu ♥ Filmes #4~



Filme essencial para os amantes das artes. Dogville não é apenas cinema, é literatura, é teatro, é, sobretudo, uma viagem até o interior da mente humana. 

Anos 30, Dogville, um lugarejo nas Montanhas Rochosas. Grace (Nicole Kidman), uma bela desconhecida, aparece no lugar ao tentar fugir de gângsters. Com o apoio de Tom Edison (Paul Bettany), o auto-designado porta-voz da pequena comunidade, Grace é escondida pela pequena cidade e, em troca, trabalhará para eles. Fica acertado que após duas semanas ocorrerá uma votação para decidir se ela fica. Após este "período de testes" Grace é aprovada por unanimidade, mas quando a procura por ela se intensifica os moradores exigem algo mais em troca do risco de escondê-la. É quando ela descobre de modo duro que nesta cidade a bondade é algo bem relativo, pois Dogville começa a mostrar seus dentes. No entanto Grace carrega um segredo, que pode ser muito perigoso para a cidade.

Um filme que inicialmente difere do que estamos acostumados, afinal, não há exatamente um cenário. Há apenas alguns objetos e marcações no chão que delimitam a rua, casas e etc. Não existem paredes ou portas, dessa forma, o espectador consegue observar o que os coadjuvantes fazem longe do foco da ação principal, como se mostrasse a sociedade ao invés de um indivíduo atuando no social. E, durante a cena em que Grace é estuprada e observamos todos ali, dividindo o mesmo palco indiferentes, é como se eles soubessem daquele horror e fingiam que não viam porque, no fundo, não se importavam realmente. É óbvio que os personagens não viam a cena de estupro porque, bem, estavam dentro de suas casas, lojas, etc e as paredes (mesmo que invisíveis a quem assiste) para eles estão ali, mas é inegável que eles sabiam o horror que estavam fazendo a Grace e que ela estava suscetível a qualquer coisa ali.

Não há muitos detalhes nos figurinos e nem mesmo no cenário, mas é incrível como a nossa mente vai construindo o vilarejo sem nenhum problema. O filme é, de certa forma, além de assistido e sentido, é também lido nos mínimos detalhes.

Lars Von Trier conseguiu desnudar a mente humana, mostrando como o ser humano pode ser cruel e mesquinho e, bem, "desumano" e nem é preciso muita coisa para que isso aconteça. Acredito que a produção não tinha um foco no cenário ou no figurino em si, apenas nos personagens e nas transformações que eles passam e que passam para o cenário em si. É algo complicado de explicar porque é um filme que se sente e se pensa muito mais e esse tipo de coisas são difíceis de colocar em palavras.

Passado o começo do filme, onde a bondade dos personagens e a estranheza do filme não nos surpreende mais, começamos a perceber as nuances de que algo bem ruim está por vir, afinal quando a esmola é demais, o santo desconfia (é ou não é? rá!). Para ser aceita na vila, Grace aceita o conselho de Tom que seria "ajudar os moradores realizando favores", no começo eles não gostam muito da loira, mas aos poucos vão aceitando-a e começam a ser gentis e se acostumam com os favores dela. Só que, bem, como a busca por Grace se torna mais intensa, deixá-la ficar na vila se torna mais arriscado e, por isso, "mais caro", então Grace começa a trabalhar cada vez mais. Para conseguir sua liberdade, basicamente, ela se torna uma escrava dos moradores e é aí que os abusos começam. :D


Grace aceita tudo de forma completamente passiva e sofre como, ouso dizer, Cristo na cruz. Ela pode até não ter carregado uma cruz de fato, mas ficou presa a um objeto (que não me recordo agora se era uma roda ou outra coisa) bem pesado para que não escapasse. Podem não tê-la pregado, mas a aniquilaram como ser humano.

Quanto mais o filme corre, mais angustiados ficamos porque Grace parece não reagir a todo aquele mal trato. Bem, até que chega o final e há uma reviravolta. Não vou contar exatamente como e porque ela acontece. Só posso dizer que é incrível. Para mim foi regozijante. 

Dogville é o primeiro de uma trilogia centrada nos Estados Unidos e chamada USA: The land of opportunities. O segundo filme, que foi rodado em março de 2004, chama-se Manderlay - sobre a escravidão no sul dos Estados Unidos - e o terceiro Wasington.

1 comentários:

Gisele Galindo ou simplesmente Gi. disse...

Esse filme é perfeitooooooooooo!!!!!!!!!!!!

;)

bjs***

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