Eu ♥ Resenhas: Kaori 2 - Coração de Vampira




Autor:
Giulia Moon
Ano:
2011
Páginas:
428
Editora:
Giz Editorial

Edição: 1ª Edição






Dia de Finados. Para a maioria das pessoas, um momento dedicado à lembrança de quem se foi. Mas sabe de outra coisa que essa data me recorda, amigo leitor? Zombie Walk. E sabe o que Zombie Walk me traz à mente? O início do delicioso Kaori 2 – Coração de Vampira, e é exatamente para contar o que achei do novo livro de Giulia Moon que estou aqui!


Não é segredo para ninguém que esta humilde leitora que vos fala aprecia, e muito, o universo fantástico de Giulia. Depois de ler Kaori – Perfume de Vampira, tornei-me fã da autora, e dos seus vampiros inesquecíveis como Takezo, Felipe, Missora, e a própria japonesinha sedutora que dá nome à saga. Eu queria mais histórias desses imortais. Então, imaginem minha surpresa ao abrir meu belo exemplar autografado (Invejem-me!) e não encontrar nenhum dos vampiros como protagonistas da primeira cena.


Este livro começa com os pútridos mastigadores erguendo-se dos seus túmulos para jantar apetitosos humanos. Mastigadores é a denominação da autora para os nojentos zumbis que aparecem nas ruas do Rio de Janeiro a fim de caçar tanto humanos quanto vampiros. Aparentemente, a recente moda dos vampiros está sendo substituída pelos mortos-vivos fedorentos no cinema, na televisão e até na literatura. Eu não gosto muito deles, mas tenho que tirar o chapéu para os mastigadores que ao invés de iniciarem mais um Apocalipse Zumbi do tipo que todos nós já estamos cansados de ouvir falar, matam há tempos nas sombras. Sim, eles raciocinam o suficiente para saber que não podem se mostrar em público, e preferem caçar mendigos solitários a tentar dominar o mundo. O grupo de cadáveres famintos tem até um líder um tanto cômico, o morto que mastiga por essas bandas há séculos, só parando para usar seu vocabulário enferrujado para galantear moçoilas, Horácio. É claro que uma vampira perfumada de carnes suculentas como Kaori seria considerada um banquete para os mastigadores. Tentar transformá-la em refeição é a entrada deles para essa trama que, em comparação com o primeiro livro, ganhou mais agilidade e muitas sequências de ação.


A luta aqui é contra um inimigo ancestral, que tenta destruir o mundo como o conhecemos usando uma arma poderosíssima: os seres sobrenaturais. Quem leu Kaori – Perfume de Vampira deve estar se perguntando se a antiga vilã, a horripilante, vulgar, cruel (posso passar um dia inteiro dedicando adjetivos nada elogiosos a ela) Missora caiu no esquecimento. Nada disso! A ex-cortesã também está de volta, acompanhada pelos seus filhotes nojentos, e chega torturando e matando como era de se esperar. Ela não é o oponente principal nessa etapa da série, mas se dedica a fazer o possível para ajudá-lo. Quem é ele? Não posso revelar, pois a originalidade dele é uma das gratas surpresas do livro. O atual inimigo não tem conexão com o livro anterior, e não acredito que terá qualquer espaço no próximo. Ao contrário de Missora, este é um vilão claramente temporário na história, capaz de criar um único conflito para ser superado, sem chances de emendar mais tramas depois da batalha final. Como uma praga, um vírus se espalhando rapidamente, o vilão assume o controle das criaturas estudadas pelo IBEFF (Instituto Brasileiro de Estudos de Fenômenos Fantástico), que começam a enlouquecer e a agir de forma mais violenta.


E criaturas fantásticas é o que não faltam nas páginas de Kaori 2! Os zumbis são só uma das várias espécies sobrenaturais que aparecem ao longo da história para engrossar a já variada fauna que habita o universo Kaori. Além deles, ogros, sereias, lâmias, faunos, luperces, e os mitos japoneses de kappas e kitsunes são apresentados ao leitor pela releitura moderna de Giulia. Porém, de todos os entes folclóricos presentes na história, o que mais me surpreendeu foi o boto. Sim, o boto sedutor, aquele mito brasileiríssimo. Escrito pela Giulia, é claro que ele iria ganhar um temperinho nipônico - o que não prejudicou em nada o carisma do rapaz. É tanto charme que nem mesmo a especialista em sedução que leva os homens à loucura há séculos foi capaz de resistir. Kaori é fria, mas não é de ferro, certo? A vampira e o boto protagonizam cenas quentíssimas e elevam o erotismo do livro ao limite. Mais luxúria desses dois não seria possível, pois faria o livro entrar em autocombustão. Deixo para o amigo leitor descobrir quem esse moço é, e o quanto o feitiço do boto pode ser perigoso até para ele próprio.


Como o IBEFF já foi citado, não preciso esconder que reencontramos os humanos que estrelaram o livro anterior. A bióloga Beatriz, o vampwatcher Samuel e o empresário Sidnei voltam à ativa, passando por maus bocados e evoluindo bastante ao longo da trama. Ainda no Instituto, somos apresentados a um novo personagem que desempenhou com louvor o papel de colocar graça em situações absurdas, o exterminador especializado em qualquer coisa fora do comum, Gaspar Klimann.


O grande trunfo de Giulia foi justamente dar mais destaque para os personagens secundários, sem descuidar do andamento do conflito principal. Kaori é a protagonista absoluta, mas traz pela mão um grupo de personalidades interessantes demais para serem aproveitadas pela autora. Felizmente, ela percebeu isso.


Avaliando o conjunto da obra, posso afirmar que a mistura de caçadas, criaturas sobrenaturais de todo tipo, sangue, ação, sedução, e pitadas de cultura japonesa em cenários tupiniquins foi bem sucedida mais uma vez. Entretenimento de qualidade, do tipo que eu não penso duas vezes antes de indicar para os amigos que procuram por um enredo de fantasia para mergulhar e esquecer da vida.


O final embalado pelo rock nipônico de Gackt (o cantor é citado várias vezes e é a trilha sonora certa para a história) deixou aquele típico gostinho de quero mais, e me encheu de expectativas para o terceiro livro, que deve encerrar a série. Giulia ainda tem muitos mistérios a esclarecer (Quando saberemos o que realmente aconteceu com o mestre?), e torço para que consiga finalizá-los da maneira apaixonante que tem nos conduzido por essa viagem.

E então, amigo leitor? Vai se arriscar a desvendar os segredos do coração da vampira? Ele está sempre em perigo, como a própria Kaori revelou. O convite está feito.


Estefânia

2 comentários:

Leitoras Anônimas disse...

Uau, Stef! Você escreve bem de mais :D
Sua resenha me deixou com uma curiosidade diferente... antes eu estava mais interessada no próprio enredo do livro, mas depois de ler esse post, quero mesmo é conferir a narrativa da Giulia, que por sinal parece ser muito boa!
O que me chama muito a atenção nessa série é a presença da cultura japonesa (amo!) no meio da trama... e claro, o fato de ser uma ficção sobrenatural também me deixa seduzida :)
Estou esperando uma boa oportunidade para comprar o primeiro volume. Queria meu exemplar autografado também! /snif

Amei a resenha ^^

Abraços,
http://leitorasanonimas.com

Anônimo disse...

A Estefânia é, sobretudo, uma ótima escritora, espero que em breve possamos resenhar algum livro dela também, hahahha. É muito bom tê-la no time do blog. :)

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