Eu♥Resenhas: Alice no País das Maravilhas


Título Original: "Alice in Wonderland".
Autor: Lewis Carroll.
Ano: 2010.
Número de Páginas: 317 páginas.
Editora: Jorge Zahar
Edição: 1ª Edição.
Tradução: Maria Luiza X. de A. Borges


  Alice no País das Maravilhas conta a história de uma menina que, ao perseguir um coelho branco curiosamente vestido de paletó e segurando um relógio, cai em uma toca e vai parar em um lugar fantástico e onírico. 


  A primeira vista achamos que a Terra das Maravilhas na verdade não passa de um lugar completamente louco e, de certa forma, não estamos completamente errados. Esse clássico inglês é muito mais que um conto para crianças, a história possui enigmas e poemas da era vitoriana que escapam muitas vezes dos olhos até dos leitores mais atentos. Certamente é uma das obras mais complexas na questão significativa das passagens que tive oportunidade de ler. Os livros por si só já possuem inúmeros significados, mas Alice, ah, em Alice certamente há muito mais do que mil. Acredito que essa obra de Lewis seja atemporal e, por isso, devemos relê-la após alguns anos para tentarmos arrancar outra interpretação e, quem sabe, descobrir novas coisas e desvendar algumas passagens desse louco mundo das maravilhas.


  Da última vez que tive o prazer de lê-la, tive Alice como uma menina inocente que aos poucos vai crescendo e entrando nesse mundo louco dos adultos, mas sem perder sua ingenuidade. As coisas que nos parecem insanas por um lado, de certa forma soam naturais pelo outro. Analisando friamente, temos dentro da história pessoas que vemos no nosso dia-a-dia, mas de maneira mais estereotipada, digamos assim. Alice não consegue entender ou mesmo compreender tudo o que se passa naquele "mundo fantástico" justamente porque ela não faz parte dele. De certa forma, o país das maravilhas soa até de forma irônica uma vez que Alice não quer ficar ali, apenas procura o caminho de volta para casa. De certa forma, a personagem me fez lembrar de quando eu era criança e tentava entender como funcionava o mundo dos "adultos". Fez-me lembrar o quão fantástico e assustador aquilo tudo parecia.

  A pequena Alice passa por várias crises de identidade devido as transformações que seu corpo e ela mesma passam enquanto ela tenta descobrir como pode fazer para sair dali. Um dos trechos que mais ilustram essas questões existenciais da Alice se dá quando ela encontra a Lagarta:

  “Quem é você?”, perguntou a Lagarta.

     Não era uma maneira encorajadora de iniciar uma conversa. Alice retrucou, bastante timidamente: “Eu — eu não sei muito bem, Senhora, no presente momento — pelo menos eu sei quem eu era quando levantei esta manhã, mas acho que tenho mudado muitas vezes desde então.
     “O que você quer dizer com isso?”, perguntou a Lagarta severamente. “Explique-se!”
     “Eu não posso explicar-me, eu receio, Senhora”, respondeu Alice, “porque eu não sou eu mesma, vê?”
     “Eu não vejo”, retomou a Lagarta.
     “Eu receio que não posso colocar isso mais claramente”, Alice replicou bem polidamente, “porque eu mesma não consigo entender, para começo de conversa, e ter tantos tamanhos diferentes em um dia é muito confuso.”
     “Não é”, discordou a Lagarta.
     “Bem, talvez você não ache isso ainda”, Alice afirmou, “mas quando você transformar-se em uma crisálida — você irá algum dia, sabe — e então depois disso em uma borboleta, eu acredito que você irá sentir-se um pouco estranha, não irá?”
     “Nem um pouco”, disse a Lagarta.
     “Bem, talvez seus sentimentos possam ser diferentes”, finalizou Alice, “tudo o que eu sei é: é muito estranho para mim.”
     
  Temos várias figuras de adultos caricatos na história como, por exemplo, o coelho que está sempre sem tempo e correndo para algum compromisso e a rainha de copas que representa o adulto autoritário e que mesmo sem razão, acha que é correto em tudo o que faz.

  É difícil definir essa história porque Alice passa por tantas coisas diferentes e fantasiosas que ilustram tantas situações que fica complicado estabelecer alguma definição. Até porque não deve existir uma definição propriamente dita. Afinal essa obra trabalha um estilo "sem sentido" mesmo. Há muitas metáforas nas entrelinhas, algumas que nós talvez nem percebamos da maneira que Lewis teve a intenção de colocar e outras que só fazem sentido em inglês.

  Um dos meus personagens favoritos é o gato que sempre aparece nos momentos mais inoportunos e com frases enigmáticas. Um dos personagens mais curiosos em minha humilde opinião é o gato de Cheshire junto ao chapeleiro e a Lebre de Março. O capítulo “Um chá maluco” é um dos meus favoritos.

“Gatinho de Cheshire”, começou, bem timidamente, pois não tinha certeza se ele gostaria de ser chamado assim: entretanto ele apenas sorriu um pouco mais. “Acho que ele gostou”, pensou Alice, e continuou. “O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que devo tomar para sair daqui?”

     “Isso depende muito de para onde você quer ir”, respondeu o Gato.
     “Não me importo muito para onde...”, retrucou Alice.
     “Então não importa o caminho que você escolha”, disse o Gato.
     “...contanto que dê em algum lugar”, Alice completou.
     “Oh, você pode ter certeza que vai chegar”, disse o Gato, “se você caminhar bastante.”
     Alice sentiu que isso não deveria ser negado, então ela tentou outra pergunta.
     “Que tipo de gente vive lá?”
     “Naquela direção”, o Gato disse, apontando sua pata direita em círculo, “vive o Chapeleiro, e naquela”, apontando a outra pata, “vive a Lebre de Março. Visite qualquer um que você queira, os dois são malucos.”
     “Mas eu não quero ficar entre gente maluca”, Alice retrucou.
     “Oh, você não tem saída”, disse o Gato, “nós somos todos loucos aqui. Eu sou louco. Você é louca.”
     “Como você sabe que eu sou louca?”, perguntou Alice.
     “Você deve ser”, afirmou o Gato, “ou então não teria vindo para cá.”
Mas o que podemos dizer além do que já foi dito? Alice é um livro para todas as idades e gêneros, um livro que todos deveriam ler ao menos uma vez na vida. Àqueles que ainda não leram, só posso desejar boa leitura! :D

Xoxo,

Julliana.

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