Eu♥Resenhas: A Menina Morta-Viva



Título Original: "Living Dead Girl".
Autor: Elizabeth Scott.
Ano: 2011.
Número de Páginas: 172 páginas.
Editora: Editora Underworld.
Edição: 1ª edição.
Tradução: Ronaldo Passarinho.


Era uma vez, eu era uma menininha que desapareceu. Era uma vez, o meu nome não era Alice. Era uma vez, eu não sabia como tinha sorte. Quando Alice tinha dez anos, Ray levou-a de sua família, seus amigos ― a sua vida. Ela aprendeu a desistir de todo o poder, para suportar toda a dor. Ela esperou que o pesadelo acabasse. Alice agora tem quinze e Ray ainda a tem, mas ele fala mais e mais da sua morte. Ele não sabe é o que ela anseia. Ela não sabe que ele tem algo mais assustador do que a morte em mente para ela. Esta é a história de Alice. É uma que você nunca ouviu falar, e que você nunca, jamais esquecerá.

Falar desse livro é complicado pra mim. Porque eu o comprei na bienal do Rio de Janeiro no ano passado e protelei a leitura por bastante tempo e quando consegui terminá-lo foi um grande alívio. O alívio não é pela qualidade do livro, ao contrário, o livro é ótimo no que tange o tema abordado, tão bom que machuca quem lê. "A Menina Morta-Viva" traz uma história para leitores fortes. Algumas partes são tão cruéis e vis que eu me senti sufocada e me fez segurar as lágrimas em algumas passagens. A dor de Alice acaba se tornando nossa porque há partes em que a autora coloca "em xeque" nossas atitudes. Afinal, quantas vezes podemos esbarrar em Alices por aí e nem ao menos reparamos? Alice nos fala isso em várias páginas e, da mesma forma que soa como um apelo, ao mesmo tempo ela soa conformada em ninguém reparar seu sofrimento.


Como eu já li "Lolita" de Nabokov, foi como se eu tivesse visto os dois lados da moeda, só que o Humbert-Humbert nunca fora tão cruel ou agressivo com Lolita, não que eu me lembre. A doença do personagem criado por Nabokov soa até um pouco diferente do que nos é apresentado aqui. Talvez pela forma poética que ele tratou a história. Apesar dos pesares, Lolita ainda era mimada por H. H. e era apreciada por ele também. Mas não é de Lolita que devo ou quero falar agora, isso fica para outra resenha.

"Alice", entre aspas porque esse não é o verdadeiro nome da protagonista, mas o nome que Ray escolheu, a todo o momento duvida do amanhã. Não sabe se vai comer, não sabe se vai estar viva, aliás, não sabe nem mesmo se está realmente viva agora. Afinal, quem gostaria de viver uma vida como aquela? Mas da mesma forma que era difícil continuar vivendo daquela maneira, era mais difícil ainda conseguir morrer. Só poderia morrer quando Ray permitisse.

Os capítulos são curtos e o livro não é nem tão grande, mas possuem um peso de um livro de mais de 600 páginas com parágrafos que se arrastam por páginas e mais páginas. É muito pesado para o emocional. Eu só consegui terminá-lo quando estava apática, porque das vezes que eu o peguei, se conseguia ler mais de três páginas, era muito. Cada parágrafo era acompanhado de um suspiro e um gole de café. Muita violência descrita em poucas palavras e linhas. Parecia mesmo ter sido escrito por uma menina, o que soa mais desesperador quando lemos. Soa real, porque no fundo sabemos que pode ser realmente real, senão com essa menina, mas com outras pelo mundo a fora. Outras Alices de outros tantos Rays.

Quando terminei tudo, só o que conseguia pensar em Ray, Ray, Ray... e no fantasma da pobre "Alice". Queria que ele sofresse, mas aí eu lembro que ele um dia foi como Alice e era apenas um produto da violência que sofreu e que agora transmite para as outras "Alices". Triste, mas pelo menos eu cheguei ao fim e pude me libertar.

10 comentários:

Lyn B. disse...

Fiquei com vontade de ler o livro, mas nao entendi a sua resenha.. quem é alice? quem é ray? qual o relacionamento dos dois?

Beijo

Anônimo disse...

A história basicamente só tem esses dois personagens. Alice é a garota que foi sequestrada quando criança e Ray o sequestrador. Ray abusa dela de todas as formas possíveis.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Obrigada por comentar! ^^

Beijos,

Julliana.

Lyn B. disse...

Nossa, deve ser muito forte msm a historia.. Lolita é enteada do cara, mas ela que seduz ele, certo?

Beijo!

Anônimo disse...

Sim, em Lolita, pelo menos no começo, ela tem uma paixão platônica por um ator que lembra o Humbert-Humbert e a personagem dela sempre nos deixa em dúvida quanto a sua completa inocência, afinal ela chantageia o H.H. e rouba o dinheiro dele em alguns momentos, ameaça-o também. Pelo menos pra mim foi um livro que me deixou um dúvida o tempo todo sobre quem era o mais perturbado ou problemático daquela relação. Nem a mãe da menina se salvava na história. Mas a escrita de Nabokov é fantástica, o começo de Lolita é um dos mais poéticos que já li. :D

Beijo.

Ren disse...

A leitura dele dói, né?

Quando li, foi em algumas horas, então me libertei rapidamente. Achei mais fácil, embora tenha comprado a versão da Underworld para reler um dia. Mas sinceramente, olho para ele aqui e não tenho bile para a leitura.

Anônimo disse...

Foi um dos livros mais dramáticos que eu já peguei pra ler. Parecia que eu fui socada no estômago. É complicado descrever. Agora eu ando neurótica, eu vejo garotinhas andando por aí com adultos e penso: "OMFG E SE FOR UMA ALICE?". Muito triste!

Denlescki disse...

Ainda bem que eu li sua resenha.
Eu não sou uma leitora forte. Acabo entrando demais na história. Por isso, prefiro livros leves.

Até Irmandade da Adaga Negra conseguiu me deixar perturbada.
:(

Haahahahaha...

Anônimo disse...

Aiiiiiiiiiii, não me fala nessa série que eu estou louca pra ler, mas nunca tenho dinheiro pra comprar! Ah, como é triste essa vida de gente pobre! :(

Essa história é forte mesmo, Kami (pode chamar assim?). Porque a gente quer ajudar e não podemos, ao mesmo tempo paramos para observar as outras pessoas que rodeiam a menina Alice e que nada fazem para ajudá-la, seja porque não percebem ou porque simplesmente não se importam tanto.

Mexe muito com a cabeça da gente. :(
É uma leitura válida, mas é preciso separar um dia em que estejamos desanimadas e apáticas, assim a dor é menor.

Beijão e obrigada por comentar! ;)

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