Eu ♥ Adaptações: Ponte para Terabítia

Alô você. Hoje vou falar sobre a adaptação cinematográfica do meu livro infantil favorito (até o momento): Ponte para Terabítia. Mas antes de falar sobre ele, quero comentar uma coisa que esqueci de mencionar nas minhas duas últimas postagens, que é o seguinte: eu só pretendo falar de adaptações se eu já tiver lido a obra que a originou. É um critério que criei para essa coluna, porque eu - particularmente - não gosto de falar de uma coisa (no caso um filme) não conhecendo a sua origem (no caso, o livro que foi adaptado). Eu também tenho essa neura de sempre querer ler o livro antes de ver o filme, para poder compará-los e "interpretar" (na falta de uma palavra melhor) a história.

E se você está lendo essa coluna pela primeira vez, acho bom relembrar que essa é uma coluna totalmente livre de spoilers. Eu faço um grande esforço para não revelar nada que possa estragar a sua leitura ou o seu prazer de assistir ao filme pela primeira vez, então pode seguir adiante despreocupado.

Agora vamos ao que interessa. A história de Ponte para Terabítia foi escrita por Katherine Paterson, e publicada pela primeira vez em 1977, nos Estados Unidos. Ganhou a Medalha Newbery em 1978. Uma obra que se transformou num clássico da literatura estadunidense, em 2007 foi lançado um filme que se baseia neste livro. A seguir, o pôster e a sinopse da adaptação cinematográfica:

Jess Aarons (Josh Hutcherson) sente-se um estranho na escola e até mesmo em sua família. Durante todo o verão ele treinou para ser o garoto mais rápido da escola, mas seus planos são ameaçados por Leslie Burke (AnnaSophia Robb), que vence uma corrida que deveria ser apenas para garotos.

Logo Jess e Leslie tornam-se grandes amigos e, juntos, criam o reino secreto de Terabítia, um lugar mágico onde apenas é possível chegar se pendurando em uma velha corda, que fica sobre um riacho perto de suas casas. Lá eles lutam contra Dark Master (Matt Gibbons) e suas criaturas, além de conspirar contra as brincadeiras de mau gosto que são feitas na escola.

Inicialmente, a obra gira em torno de Jesse Aarons e sua família de origem humilde e que possui problemas financeiros, e mostra um pouco da vida do rapaz e como ele se relaciona com as pessoas ao seu redor (principalmente sua família, alguns colegas e uma determinada professora do colégio). Mas não demora muito para que Leslie Burke, uma garota que acaba de se mudar com sua família para a casa vizinha apareça e "atrapalhe" a vida de Jesse, em um primeiro momento (refiro-me à competição de corrida mencionada na sinopse).

Leslie é uma garota atípica. Ela e seus pais são bastante diferentes do comum, e graças a isso, a menina acaba sendo alvo de chacota na escola por algum tempo. Os pais dela são escritores, e se resolveram se mudar para a cidade de Jesse para buscar inspiração para trabalhar em um novo livro; e a garota acabou herdando a habilidade da escrita dos pais, enquanto Jesse é um desenhista e aspirante a artista que não gosta de mostrar os seus desenhos para os outros (exceto para uma pessoa). E o que acontece para que os dois se aproximem é que, em um determinado momento, Jesse "salva" Leslie de um "enorme perigo", e assim começa a amizade deles.

Após o início dessa amizade, os dois começam a brincar no bosque perto de onde moram, e encontram um riacho e uma corda velha pendurado um pouco acima dele. Quando os dois atravessam para o outro lado na corda, eles criam um lugar mágico que decidem chamar de Terabítia. Esse lugar imaginário é o modo como eles "escapam" da realidade que os cerca e da vida entediante que possuem. A princípio, Jesse não consegue "visualizar" esse mundo como Leslie, mas não demora muito para que Terabítia se torne um lugar real para os dois. E aqui cabe dizer que os dois usam seus talentos - de escrita e de desenho - para tornar esse lugar cada vez mais real.



Agora chega de falar da história. Algumas informações técnicas e curiosidades antes de prosseguir. Ponte para Terabítia é um filme de fantasia e drama de 2007 dirigido por Gábor Csupó, distribuído pela Walt Disney Pictures.

O roteirista David Paterson é filho de Katherine Paterson e a história original é baseada em partes da sua infância (a autora originalmente escreveu a história para o filho, para que ele superasse um trauma de infância, vejam só). Quando ele perguntou à mãe se poderia escrever um roteiro cinematográfico para o romance, ela concordou por conta da habilidade dele como dramaturgo. A produção do filme começou em fevereiro de 2006 e terminou em novembro. Grande parte das filmagens ocorreram em Auckland, Nova Zelândia, dentro de sessenta dias. A edição levou dez semanas, enquanto que a pós-produção, a mixagem e os efeitos visuais demoraram vários meses para serem concluídos.

"Bridge to Terabithia" recebeu críticas majoritariamente positivas; os críticos chamaram-lhe de uma adaptação fiel ao romance original (eu também achei, se alguém quiser saber), encontraram visuais dinâmicos e atuações naturais (eu tenho um pequeno problema aqui, que mencionarei mais adiante) que tornaram o filme ainda mais imaginativo. Foi indicado a sete prêmios, dos quais ganhou cinco Young Artist Awards.



Agora falemos sobre os personagens. Josh Hutcherson, que interpreta Jesse Aarons, é um ator relativamente famoso hoje em dia por ter interpretado Peeta Mellark em Jogos Vorazes, mas não conheço a obra (nem o livro, nem o filme), então não posso falar sobre eles. Eu acho que ele seja um bom ator, e que ele fez muito bem o papel do protagonista em Ponte para Terabítia, só acho que ele tem um único defeito: não saber chorar. Aqui entra o problema da "atuação natural" que mencionei no parágrafo anterior. Quem já assistiu ABC do Amor consegue se lembrar da cena onde ele "chora" escandalosamente em seu quarto? Meio forçado, não acham? Em Ponte para Terabítia há uma cena onde ele precisaria chorar também, mas... Não funcionou. O pior é que é uma cena chave da história (eu chorei no livro, confesso), mas o filme não conseguiu me levar às lágrimas por causa do choro forçado do rapaz.

As cenas que antecedem a do choro são muito bem retratadas, o sentimento de "choque" e "negação" são muito bem representados e todas as outras cenas onde ele expressa diferentes emoções (principalmente as cenas onde ele precisa se relacionar com o pai), são realmente ótimas. Provavelmente você que não conhece a história não sabe do que eu estou falando, mas como eu disse, essa é uma coluna free-spoilers, então vá assistir o filme! O único problema que eu vejo na atuação de Josh são as cenas mais dramáticas onde ele precisaria chorar...

Leslie Burke é interpretada por AnnaSophia Robb, e eu sou um grande fã dessa atriz por causa de alguns papéis bem mais pesados que ela já fez (A Colheita do Mal e Sleepwalking, principalmente). Eu particularmente acho que a Anna conseguiu suprir a "dramaticidade" que falta em Josh de uma maneira inesperada (e que eu não consigo explicar muito bem, mas vou me esforçar), porque não existe nenhuma cena envolvendo a garota que seja realmente dramática; mas existe uma cena onde ela e Jesse estão correndo de volta para casa na chuva que fica marcada na memória do espectador até o final do filme. Se estou deixando você, querido leitor, curioso, então estou cumprindo o meu trabalho, porque sei que ao final dessa postagem você estará louco para assistir esse filme, e no fim você acabará me agradecendo por isto.

Leslie é uma personagem fantástica. Totalmente criativa e original (tanto nas idéias quando nas roupas, o figurino dela é ótimo - e aqui cabe uma curiosiade: "no fim das filmagens, a atriz não queria devolver um dos pares de sapatos que usou em algumas tomadas, entretanto, ela apenas ganhou duas calças que usou no filme"). E acho que vale dizer que AnnaSophia Robb gravou uma música para a trilha sonora do filme. É uma música ótima e acho que é válido deixar o vídeo aqui para vocês poderem ouví-la. Já quero me adiantar aqui e dizer que a trilha sonora do filme é muito boa. Try é uma das minhas músicas favoritas, e está presente em uma cena do filme que eu adoro.



Eu só estou falando dos protagonistas, mas é claro que existem outros personagens na história. E agora falarei deles. Começarei com May Belle, a irmã caçula de Jesse que é interpretada por Bailee Madison. Antes de falar dela, quero dizer que Josh ganhou dois Young Artist Awards por sua interpretação como Jesse, AnnaSophia Robb também ganhou dois pela interpretação de Leslie Burke e Bailee Madison ganhou um prêmio pela atuação como May Belle. Jesse tem quatro irmãs, e tirando por Joyce Ann, que é apenas um bebê, May Belle é a mais nova delas, e é a única das irmãs de Jesse que o acompanha durante todo o filme, e também é a única com quem ele se sente confortável para conversar ou brincar. A garota praticamente idolatra o irmão, e isso fica bem claro durante o filme, mas como ela é mais nova, Jesse sente até um certo alívio quando começa uma amizade com alguém de sua idade, no caso, Leslie Burke. O que faz com que May Belle seja deixada um pouco de lado, e cria uma pequena rivalidade entre a menina e a nova amiga do irmão.

Bailee Madison é uma ótima atriz, e eu digo isso por ela ser muito jovem (ela tinha sete anos quando o filme foi filmado). Ela consegue passar o sentimento de idolatração e ciúmes de uma maneira bem natural e sincera, e eu não tenho reclamações a fazer a respeito dela. Em alguns momentos eu a achei meio irritante, mas no final acabei gostando dela. Não sei se isso acontece com todos, mas aconteceu comigo. As outras irmãs de Jesse são bastante secundárias, então não falarei delas.

Um outro grande personagem na história é o pai de Jesse, interpretado por Robert Patrick. O pai do garoto é dono de uma loja de ferramentas e é bem rígido com seu único filho, deixando-o responsável de várias tarefas na casa, porque no futuro, claro, ele quer que o filho tome conta da loja. Os dois tem uma relação difícil (como muito pais e filhos) e as cenas onde os dois estão juntos são, em determinado ponto, tensas. Jesse sente um certo ciúme pelo modo como o pai trata as irmãs e é um pouco frustrado porque o pai não demonstra interesse em seus desenhos.



Outra personagem marcante é a Ms. Edmunds, professora de música de Jesse, por quem o rapaz tem "um tombo" e que admira o seu trabalho como artista. A professora é interpretada por Zooey Deschanel, e aqui eu tenho outro problema. Eu acho que Zooey é uma mulher linda, absurdamente linda, mas eu não acho que ela seja uma boa atriz. Em Ponte para Terabítia ela faz um trabalho bastante apático, principalmente nas cenas mais dramáticas onde ela aparece totalmente inexpressiva.

Ainda há muitos outros personagens, mas agora vou apenas comentar brevemente sobre eles, porque esse post também está ficando gigante. Kate Butler interpreta a mãe de Jesse, uma mulher submissa que sempre fica à favor de suas filhas e de seu marido, deixando o filho marcado como "a ovelha negra" da família, mesmo que ele não queira ser. Janice Avery (Lauren Clinton) é a valentona do colégio com quem Jesse, Leslie e May Belle já se envolveram e tiveram problemas. Scott Hoager (Cameron Wakefield) e Gary Fulcher (Elliot Lawless) são dois garotos da turma de Jesse que gostam de implicar com ele e com Leslie. E, por fim, Bill Burke (Latham Gaines) é o pai de Leslie com quem Jesse tem um ótimo relacionamento (talvez o rapaz até o veja como um "substituto" para o pai, mas não cabe a mim dizer isso, é só uma teoria que eu tenho). A mãe de Leslie é uma personagem bastante secundária, e eu não tenho nada para falar sobre ela.

Então, é isso. Ponte para Terabítia é uma adaptação muito fiel à obra original com apenas alguns problemas de interpretação de alguns atores, mas que ainda assim é um dos meus favoritos. O filme possui alguns efeitos especiais fantásticos (provavelmente vocês vão se lembrar de Nárnia quando os virem, porque eu me lembrei, e não é por menos, porque "o nome Terabítia é inspirado em Terabinthia, uma ilha existente no mundo fictício de Nárnia e que é mencionada nos livros 'O Príncipe Cáspian' e 'A Viagem do Pelegrino da Alvorada', de C.S. Lewis). A trama pode parecer um pouco confusa e sem noção em um primeiro momento porque é um mundo imaginário criado por duas crianças, mas tudo o que eles criam está relacionado com a vida que eles possuem, e eu acho isso, de certo modo, fabuloso. O filme é bastante simpático e tem um tom um pouco mais dramático do meio para o fim, mas continua sendo excelente e, como eu disse no começo, é o meu livro infantil favorito até o momento.

Abaixo vocês podem conferir o trailer do filme, e se vocês estão mortos de curiosidade para saber como é essa história, fico feliz. De verdade. É uma obra fantástica e eu espero ter conseguido transmitir um pouco da minha paixão por ela para vocês. Desejo a todos um bom filme e até a próxima!

1 comentários:

Dany Maxter disse...

Incrível texto! Apesar de já ter assistido ao filme, ainda preciso ler esse livro. A Leslie é a minha personagem feminina favorita de todo o universo fictício que conheço. O seu jeito de ver o mundo, enxergar magia onde ninguém mais poderia, dizer sempre as coisas certas (ou simplesmente não dizer nada). Enfim, bom texto.

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