Eu♥Resenhas: Yume

Título Original: "Yume".
Autor: Kamile Girão.
Ano: 2011.
Número de Páginas: 364 páginas.
Editora: Editora Dracaena.
Edição: 1ª edição.

Yume conta a história de Nádia, uma adolescente não tão comum assim. Nádia mora na Alemanha com a mãe, ambas passam por dificuldades financeiras e Nádia aproveita-se do seu dom para a arte de desenhar para ajudar em casa. A maior parte do guarda-roupas da menina é composto por peças usadas por seus amigos, resultando num visual masculinizado em nossa protagonista. Nádia é bastante imaginativa e, constantemente, vive no mundo da lua, sonhando com lugares e rostos que nunca viu. Numa dessas, acaba se deparando com um belo rapaz em um sonho. Sonho que se repete por semanas. Então surge a proposta irrecusável que irá fazer girar a história ao longo do livro.

Yume não foi a primeira história que li de Kamile Girão e acho que isso colaborou para a minha facilidade em compreender o jeito da Kami de escrever e me fazer apreciar ainda mais este livro. Não sou puxa-saco nem nada, mas é que eu realmente gostei de Yume. Apesar de o comecinho ser meio morno por nós, leitores, estarmos ansiosos em saber quem raios é Adrien e como ele e Nádia irão se encontrar, porque eles fatalmente irão e isso é um fato que você deduz desde o começo do livro.

No começo nós temos dois cenários que, mesmo sem querer, se parecem: Berlim e São Paulo. Mesmo que em países diferentes, grandes cidades se assemelham. Seja pelo tom cinza e ambiente noir ou simplesmente pelo trânsito de milhares de pessoas. Dessa forma, nós temos dois opostos que se completam e - no fundo - nem são tão opostos assim: Adrien e Nádia.

Nádia aparenta ser uma menina animada e ela tem sempre uma resposta na ponta da língua. Mas, no fundo, conseguimos encontrar alguns tons de melancolia na personagem. Com a vida familiar e financeira conturbada, Nádia encontra seu refúgio em seus amigos e em seu mundo particular criado em sua mente e que pode trazê-lo para o nosso através de seus desenhos.

Já Adrien que vive o sonho imaginário de muitos adolescentes: tocar numa banda com amigos e fazer sucesso com as garotas, é apático e imprime em si um sentimento de vazio, como se tivesse perdido as esperanças e expectativas com a vida. Adrien não é feliz, percebemos isso desde a sua primeira aparição. Curiosamente ele me remeteu a um rapaz que conheci algum tempo atrás, mas prefiro não entrar em detalhes. É um personagem misterioso que só conseguimos compreender com o passar das páginas.

Eu poderia citar vários outros personagens que me chamaram à atenção, mas vou me reter a esses dois já que a história gira em torno deles (e porque eu não tenho a pretensão de fazer um estudo em cima do livro, nem dos personagens).

Yume, literalmente, surge como um sonho bom dentro desse meio literário. Gostei da forma como a Kamile construiu a história e manteve o suspense até o encontro dos dois. Mantendo sempre um clima leve e descontraído durante a leitura, nós chegamos até a parte final, onde a história rouba o nosso fôlego e só permite que respiremos novamente quando viramos a última folha. A criação desse mundo de horrores que surge na última parte do livro me deixou embriagada de fascínio com os detalhes elaborados pela cabeça da Kamile. É a parte do livro que lemos mais rápido. Eu, particularmente, me deixei guiar por entre as páginas finais como se estivesse num bote em um rio selvagem, descendo corredeiras sem saber o que me esperava pela frente. Porque essa última parte é assim. Nós simplesmente não sabemos como as coisas irão acontecer, torcemos pelo melhor e aguardamos ao lado de Nádia nessa sua aventura digna de uma adaptação de Tim Burton (só conseguia imaginar esse mundo adaptado por ele).

A forma como a autora envolveu Alemanha e Brasil, Nádia e São Paulo foi bastante legal, Yume também apresenta essa mistura étnica e cultural que existe aqui na nossa terra tupiniquim. Especialmente São Paulo que é mais que uma selva de pedra, é uma cidade feita por milhões de pessoas diferentes 24 horas por dia.

A Kamile também me surpreendeu pela escrita sofisticada, talvez para algumas pessoas soe estranho, mas é que a maior parte de YA's que eu já peguei para ler possuem uma escrita rápida e com descrições sutis e rasas (apesar de ser para um público mais jovem, não acho isso uma desculpa para o pouco esforço em melhorar a escrita de alguns escritores).

Não é como se ela rebuscasse a escrita, não. Por ter lido "Outubro" (sou VIP, cof cof) dela antes de "Yume! e que é um trabalho mais maduro, eu percebi em Yume que a escrita dela busca conversar com o íntimo do leitor, pelo menos foi assim que eu me senti nas duas vezes. Ao mesmo tempo em que estamos ali lendo a história, a história está conversando conosco e com as nossas memórias. Palavras suaves e passagens que nos levam a refletir e nos incluir na história, vivendo duas vezes o que está escrito ali: uma pelo personagem e outra por nós mesmos.

Agora vamos a parte da editora. Bem, a capa é muito bonita, embora não se encaixe tanto com a história de Yume em si, nos remete somente a uma passagem (pelo menos comigo foi assim) que foi o sonho que Nádia e Adrien tiveram, e só. O trabalho interno foi um pouco desleixado, os capítulos poderiam ter ganhado números e letras mais estilizados, sendo um livro Young Adult/Infanto-juvenil, acho que seria interessante para a própria editora criar esse tipo de chamariz para cativar o público-alvo que é bastante ligado em imagens. O livro também precisaria de uma revisão para retificar alguns errinhos (erros de revisão que têm sido constantes em muitas editoras pra ser sincera).

No mais é isso, é um livro de uma escritora não tão madura ainda nesse mercado e que ainda vai aprender e aprimorar muitas coisas em seu trajeto. No mais, um dos infanto-juvenis nacionais que mais gostei de ler e, por que não dizer internacional também? As pessoas acabam cobrando demais do autor nacional enquanto consome porcaria diária vinda do exterior. Vai entender, mas esse tipo de reclamação fica para outro post que está sendo preparado com bastante carinho (ou não).

4 comentários:

Kamile Girão disse...

Jull, minha linda. Muito obrigada pela resenha. É muito bom saber que meu trabalho te agrada.
Obrigada por toda força e apoio que você sempre me dá ♥

Unknown disse...

eu quero ler mt esse livro, eu havia lido a sinopse no skoob certa vez e fiquei mega curiosa.
a capa eu acho linda.
gostei da sua resenha :)
espero poder ler e resenha esse livro no beu blog um dia xp

Anônimo disse...

Ah, Kami, não precisa vir agradecer. Você sabe o que eu achei de Yume já que te contatei assim que terminei de ler o livro. Eu gostei bastante de Yume, mais do que Outubro :x Mas isso você já sabe. Hahahhaa.

Anônimo disse...

Ah, Alice, adoro te ver aqui! :D

Yume é super divertido! Pelo menos eu achei e o final é espetacular, muito bem escrito a última parte. Digno de adaptação de Tim Burton. Hahahaha

Beijos,

Julliana.

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