Eu ♥ Resenhas: O Livro das Religiões




Título Original: Religionsboka 

Autores: Jostein Gaarder, Victor Hellern, Henry Notaker (Apêndice por Antônio Flávio Pierucci 

Ano:  2005 

Número de Páginas:  323 

Editora: Companhia de Bolso 

Edição:


 


“Um rápido olhar para o mundo ao redor mostra que a religião desempenha um papel bastante significativo na vida social e política de todas as partes do globo. Ouvimos falar de católicos e protestantes em conflito na Irlanda do Norte, cristãos contra mulçumanos nos Bálcãs, atrito entre mulçumanos e hinduístas na Índia, guerra entre hinduístas e budistas no Sri Lanka. Nos Estados Unidos e no Japão há seitas religiosas extremistas que já praticaram atos de terrorismo. Ao mesmo tempo, representantes de diversas religiões promovem ajuda humanitária aos pobres e destituídos do Terceiro Mundo. É difícil adquirir uma compreensão adequada da política internacional sem que se esteja consciente do fator religião.”




Não importa onde você mora, em que acredita ou se participa de alguma comunidade religiosa. Como o trecho acima do excelente O Livro das Religiões deixa bem claro, nem eu e nem você podemos escapar desse tema polêmico, pois sua influência moldou a história da humanidade. E o objetivo dessa obra é justamente ajudar o leitor na difícil missão de entender a complexa teia de crenças que compõe as principais religiões praticadas pelo mundo todo.
 
O Livro das Religiões foi escrito em parceria por três noruegueses, e a versão brasileira foi a primeira tradução feita do idioma original. Jostein Gaarder é conhecido do público pelo grande sucesso de O Mundo de Sofia – se você já teve oportunidade de ler essa obra, perceberá a semelhança no estilo de escrita de O Livro das Religiões. Victor Hellern é historiador e teólogo. Henry Notaker é jornalista, especializado em política exterior, com correspondências no Leste Europeu e Espanha no currículo. Esse time ainda teve o reforço do cientista social Antônio Flávio Pierucci, que escreveu um apêndice sobre as religiões no Brasil especialmente para a edição tupiniquim. Se algum livro pode ser considerado uma enciclopédia de bolso para desvendar as diferentes crenças da humanidade, é esse aqui.

A introdução do livro abrange a importância da religião na formação do homem com tópicos como “Será que precisamos de uma filosofia de vida?”. Logo depois, no capítulo “Conhecimento religioso” os autores apresentam de forma bem didática os conceitos de rito, sagrado, sacrifícios e várias outras questões inerentes a qualquer religião, preparando o leitor para iniciar a parte verdadeiramente interessante –  as diversas religiões descritas pelos autores.

O texto é simples, direto e imparcial. Não prega nada, apenas informa. Dividido entre religiões orientais e ocidentais, os autores resumiram habilmente desde o Hinduísmo até o Cristianismo (incluindo as diferentes interpretações desse último, como a Igreja Católica Apostólica Romana, a Igreja Católica Ortodoxa, a Igreja Batista, Adventista, e etc). Vale apontar que as informações sobre religiões orientais e africanas parecem mais resumidas do que as ocidentais, principalmente por se tratar de crenças tão antigas, detalhistas e complexas. Eu fiquei satisfeita com a apresentação de algumas religiões das quais eu tinha ideias totalmente equivocadas, mas também com curiosidade suficiente para procurar um texto se aprofundasse mais no assunto – principalmente no Xintoísmo e Taoísmo.

A maior surpresa do livro, e também meu capítulo favorito, encontrei em “Filosofias de vida não religiosas”. Não esperava que os autores fossem falar sobre Humanismo, Ateísmo e até Ufologia! O livro não se abstém de levantar questões como “Convicção ou lavagem cerebral?” ao falar sobre seitas como as que levam fiéis a cometer suicídio coletivo, e encerra refletindo sobre a ética como guia de conduta.

No apêndice brasileiro, o Candomblé, a Ubanda, a diversidade de igrejas cristãs e o Kardecismo entram em cena como elementos da formação religiosa do Brasil. Se você é daqueles que só de olhar uma oferenda para Iemanjá sai dizendo que é macumba, recomendo sinceramente prestar atenção nesse apêndice e desconstruir alguns preconceitos.

Nem precisa dizer que eu adorei o livro, não é? É uma leitura instrutiva, se você estiver inspirado a abrir a cabeça pra diferentes perspectivas de vida. Não é um mergulho emotivo no mundo das palavras, é um exercício de reflexão.
 Algumas pessoas acham esse tipo de coisa maçante, mas eu consegui verdadeiramente me distrair com o texto.

Ao passar pela última página de O Livro das Religiões, senti que era uma obrigação moral trazê-lo aqui pro blog.

Talvez uma pequena dose de conhecimento como essa possa ser o primeiro passo para viver num mundo mais tolerante.

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