Traduções e Adaptações

Você já leu um livro, o original ou um e-book traduzido? Já né? E então, correu para várias editoras e fez abaixo assinado para trazerem a obra para o Brasil? Sim, eu sei que já. E uma editora comprou os direitos e você teve algo como, orgasmos múltiplos? Você está gritando “SIM!”, né? E aí eles divulgaram o título em português, você correu para o blog da editora, ver a notícia com o tão esperado título e você deu de cara com uma coisa que te magoou profundamente, e você ficou bem assim: Que porra é essa?

É, amiga, eu te entendo perfeitamente.

Há um tempo que eu estou pensando em escrever sobre algo do tipo. Traduções e Adaptações. As maldades infernais que as editoras fazem conosco.

Muitos livros que eu gosto tiveram seus títulos adulterados com fracasso. Muitos, muitos mesmo. Às vezes nem eram os títulos, e sim os nomes de personagens, lugares que a história possuía. Sim, estou falando de Harry TIAGO Potter.

Eu tenho dez anos de história com Harry Potter. Sim, dez lindíssimos anos em que eu fui fiel, apoiei, chorei, parti meu coração (Padfoot e Sevie, vocês são eternos no meu coração), e chorei mais ainda. Eu fiquei puta com o final? Sim, mas eu entendo. E ainda espero que madame Rowling, daqui dez anos, pare e resolva reescrever The Deathly Hallows, e perceba que certas mortes foram desnecessárias. Como a do meu amado Severus (Não, Severo!) e Voldemort. Mas isso não muda o fato: Eu amo a série. Dez anos é muita coisa. Muito mais do que alguns casamentos.

Mas se fosse isso, eu ficaria aqui a falar sobre as merdas que fizeram com Harry Potter a madrugada inteira. Porque... Sinceramente, traduzir nomes? Tiago no lugar de James, Severo, Alvo, Cornélio, Rony, Remo João Lupin... Paro por aqui ou me mato.

Não, Harry Potter não é o único caso de maldades com o título ou nomes. Até hoje não superei Half-blood Prince para Enigma do Príncipe. Enfim, vocês já ouviram falar da Georgina Kincaid Series? Da Richelle Mead, autora de Vampire Academy e Dark Swan? Não? Eu já. Muito porque leio duas séries dela.

Há títulos que são difíceis de traduzir? Sim, com certeza. O primeiro volume da série Georgina Kincaid é Succubus Blues, se me pedissem, eu não conseguiria traduzir sem ficar uma merda. Sim, sério. Mas que título eles deram para a versão brasileira? A Canção do Súcubo. Se eu não tivesse lido a série antes, não teria comprado, não com esse título. Súcubo é um demônio do sexo feminino, o masculino é íncubo, então por que não colocaram A Canção do Íncubo? Se era para dar a impressão que a Georgina é um cara, essa seria a opção mais óbvia.

A série trata de temas sobrenaturais, demônios, anjos, IMPs, vampiros, nefilins e etc, mas é centrada em Georgina, que é uma súcubo. Eu disse UMA, não UM, dica. Volto a dizer que súcubo é um demônio feminino. Você conhece uma íncubo? Eu não. Conheço íncubo,um ou uns, às vezes perco a conta, mas enfim. IMP. Antes de ler Succubus Blues (Calma que eu ainda vou chegar no título), a minha imagem de Imp era um demônio só de ossos, eu li Artemis Fowl, mas o que me vem de Imp é isso. Em Georgina Kincaid, IMP continua sendo um demônio, um demônio que faz acordos, contratos, o cara legal que compra a tua alma.

Você entendeu? Imp é isso, no universo de Richelle Mead, o demônio que compra a sua alma, que te faz assinar um contrato. Você dá a ele algo que ele quer, e ele te dá algo. Simples, uma troca. Não vou entrar em detalhes para não dar spoilers, mas é isso. Se pensar numa relação traficante/viciado, a coisa é bem parecida. Mas sabe como traduziram Imp na versão brasileira? Não? Duende.

Sim, duende. Eu não vou entrar em detalhes porque... Né?

O título em inglês é Succubus Blues, e se você for esperto, perceberá que o Blues não tem nada relacionado ao estilo musical, e sim a depressão, melancolia, tristeza. Mas canção? Sinto muito, mas não casou, simplesmente não. Já ouviu falar de Baby Blues? Com certeza já, alguém que você conhece deve ter sofrido disso. Sabe o que é? Depressão pós-parto. Viu o meu ponto?

Alguém vai falar que é uma adaptação. Não, não é. O nome disso é destruição. Se o título em português não combinasse com a história, ficasse com o em inglês mesmo. Se a Alemanha pode, nós podemos. Nem vem essa de adaptar ao público brasileiro. Adaptar nomes ao público brasileira, à cultura brasileira. A minha bunda com isso. Uma notinha no rodapé salva vidas, se quer saber.

Agora eu vou falar de um livro que eu gosto muito, muito mesmo, mas a editora que comprou os direitos para a publicação simplesmente acabou com ele. Você já ouviu falar de Jessica’s Guide to Dating on the Dark Side?

Eu acompanhei o processo inteiro. Eu estava lá quando anunciaram que trariam a obra para o Brasil, eu estava lá quando anunciaram a votação para as capas brasileiras e o título e eu estava lá quando mudaram. Quando eu fiquei sabendo da publicação, eu fiquei “Eba! Eu vou comprar, tomara que não fodam muito *hehe*”. Mas no final, sim, eles foderam.

Eu não gosto de livros de auto-ajuda, eu acho que se você quer se ajudar, você consegue. Você dá um passo e faz o que tem que fazer. Ou você procura um psicólogo. Alguém que vai te acompanhar, te dar sugestões, mas nunca te mandar fazer algo. Mas por que eu estou falando disso? Motivo simples: eles transformaram Jessica’s Guide em um livro de auto-ajuda. O título que poderia ter sido traduzido como “Jessica e o Guida para um relacionamento sombrio”, “Meu namorado tem presas”, “Relacionamentos Sombrios para Idiotas” e etc, tornou-se Como se livrar de um vampiro apaixonado.

Há vários comentários falando que não existe um Guia na história. Amigos burrinhos, existe sim. Quem realmente leu, sabe. Então qual a dificuldade de pensar um pouquinho mais num título melhor? Pedir ajuda aos colegas da editora, ao chefão, fazer um pacto com o cadeirudo, etc. Não é difícil. Não mesmo. Só é preciso um pouco de coragem.

Agora, Lords of the Underworld. Senhores do Mundo Subterrâneo. Estranho? É eu também achei. Talvez Submundo ficaria melhor. Aliás, ficaria mesmo. Sem dúvidas. Eu ainda não tive a oportunidade de comprar os lançados no Brasil, mas está na minha lista, junto com Blackdagger Brotherhood, que eu também não li as versões brasileiras, mas está bem impecável, tirando um ou duas capas.

Sobre as editoras que mantém os títulos em inglês, só um aviso: nem todo brasileiro tem um mínimo de inglês. Deixar Halo foi um erro, um erro infernal para falar a verdade. Como se pronuncia Halo? Alguém com um inglês básico sabe como que é. Alguém sem isso vai chegar na livraria pedindo "Ralo". E Wake, Fade & Gone? Qual a maldita dificuldade de usar os nomes que vem logo abaixo? Despertar, Desvanecer & Desaparecer? Ia, sei lá, ficar muito brasileiro? É, aposto que sim.

Eu não vou nem comentar sobre Vampire Academy, que por uma polegada não virou Academia dos Beijos.

Editoras queridas, continuem trazendo os sucessos para o Brasil, sem problemas. Mas porra, mano, não fode!

15 comentários:

Patrícia Camargo disse...

HAHA. Morri!

Estefânia disse...

BRAVO, REN! BRAVÍSSIMO! Dá vontade de chorar de raiva ao ver uma obra que gostamos ser desfigurada dessa forma. Adorei o post. BeijoO.

Caio Francisco disse...

ADOREI! MUITO BOM E ENGRAÇADO!

http://leia-1-livro.blogspot.com/

Anônimo disse...

Na real, o Blues é um tipo de música que se caracteriza pela tristeza, pela melancolia. Quando tu quer dizer que tu está melancólico ou triste, tu diz: "I'm feeling blue." Então a tradução mais certa seria O blues da Súcubo. Embora a tua opção indicada também fosse uma boa.

E digo mais, não é problema só nas adaptações dos livros. O contexto é mais amplo: pega o What's On, do Universal Channel, mais precisamente o especial sobre TRON. Na entrevista da Olivia Wilde, traduziram "Seeing Jeff Bridges playing himself at... sixty and thirty-five..." como "Ver Jeff Bridges interpretar ele mesmo aos... DEZESSEIS e trinta e cinco..." Eu não recebo nada por traduzir e faço um trabalho mais podado, custa uma empresa profissional pelo menos contextualizar (ou comprar fones que prestem) o áudio? E erros bobos, dispensáveis são vistos também nos filmes, nas séries...

Anônimo disse...

Anônimo, querido, Sixty não seria sessenta? D: Só por falar, hm...

Anônimo disse...

Então, por isso mesmo o erro. Traduziram sixty como dezesseis. Não precisava nem saber muito traduzir do áudio, era só ver o contexto.

Anônimo disse...

Ah, sim, agora entendi o seu ponto de vista. Não repare não, tinha acabado de acordar quando li D:

Paula Penido disse...

Anônimo, sim, eu sei que Blues é um tipo de música. Melancolia e tristeza, sim eu sei. Mas o que acontece é o seguinte, blues não é uma canção, é um estilo musical. Então não faz sentido algum você traduzir um título Succubus Blues como Canção do Súcubo porque faz ligação a alguma música que os tradures inventam, e não ao estilo ou ao estado psíquico.

Se fosse algo A Melancolia da Súcubo, melhor.

Se eles traduzissem Súcubo Melancólica, Súcubo no Topo, Sonhos da Súcubo, Súcubo Fervente, Súcubo nas Sombras e Súcubo Revelada, ficaria melhor.

Sinceramente, vou trocar a carreira. Vou começar a traduzir nomes de livros, beijos.

@whosthanny disse...

HUAHAUHAUHUAHUA ADOREI! Ri muito aqui e concordo com você. As editoras precisam ver esse post, sério!

Beijos,
Thanny in Wonderland

Giselle Magno disse...

Isso realmente é um desrespeito com os leitores ¬¬ Muitas boas histórias - e títulos- acabam se perdendo na tradução, o que é uma pena...

Parabéns pelo texto!

Giselle
http://diversaosemculpa.blogspot.com/

Biazinha disse...

Parabéns pelo post.expressa exatamente o meu sentimento de desrespeito das editoras com os livros e os leitores,alem de demorarem décadas para lançarem os livros aqui,ainda fazem uma lambança nas traduções.

Anônimo disse...

Oiie
Te indiquei para uma tagg no meu blog.
http://little-things-for-you.blogspot.com/

Beeijoo

Juliana disse...

LOOOL. A situação é tão trágica que se torna cômica~
EU NÃO COMPREI "A Canção do Súcubo" por causa disso. Não conhecia os livros e tal, fiquei meio desconfiada com terem colocado dO para elA e com os duendes que um amigo comentou comigo.
Agora tudo faz sentiido~
Nossa, que desgraça. Sempre tem como ferrar com um livro que parece ser bom. Basta tentarem traduzir com esse empenho todo.
(Sábado irei na bienal pedir Ralo pra vendedora, beijos)

Anônimo disse...

Apesar dos pesares, ainda quero comprar o livro. Hahahaha, acho que eles tentam adaptar para que as pessoas se empolguem, mas raramente dá certo.

Beijos,

Julliana.

Anônimo disse...

Obrigada! :D

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