Oi Divos!
Hoje não vim falar de lançamentos, apesar de ter vários da Dracaena para eu citar aqui, vou deixá-los para amanhã, ok?
Voltemos ao que de fato me trouxe aqui, o texto abaixo, que eu me deparei no blog de uma amiga minha e parceira nossa http://diario-da-leitura.blogspot.com/, e me deixou realmente com a "pulga atrás da orelha"...
Leiam com atenção:
Extra - RJ - RJ - LAZER - 23/01/2012
André Miranda - O Globo
RIO
- Em 2012, a nova realidade do mercado editorial brasileiro vai
permitir que um autor seja representado por um agente baseado em Nova
York, tenha seu original aprovado por um executivo morando em Portugal,
assine um contrato com uma empresa da Espanha e seja imediatamente
traduzido para uma editora na Inglaterra. Com a iminente chegada de um
gigante da venda de livros virtuais, a nova realidade do mercado pode
permitir, ainda, que a obra daquele autor seja lida com facilidade em
qualquer canto do país, com um simples toque num botão de um tal Kindle.
Como
tem sido repetido por aí em outras áreas, o Brasil também se tornou a
"bola da vez" nos livros. A última etapa desse movimento foi o anúncio,
na última semana, de que a jornalista Luciana Villas-Boas deixará o
poderoso cargo de diretora editorial do Grupo Record, um dos maiores do
país, para se dedicar a uma nova agência literária, chamada Villas-Boas
& Moss. Hoje, o mercado brasileiro conta apenas com uma agência de
relevância para livros estrangeiros e nacionais, a Agência Riff, cujos
autores incluem Ariano Suassuna, Carlos Drummond de Andrade, Rubem
Fonseca, Luis Fernando Verissimo, Lya Luft e Zuenir Ventura.
—
Não fazia sentido o Brasil ainda estar desprovido de mais agências —
afirma Lucia Riff, fundadora da Agência Riff. — O fato é que as editoras
brasileiras estão mais sólidas, com expectativa de crescimento. A
estabilidade da economia, o edital da Biblioteca Nacional de apoio a
traduções e o surgimento dos e-books favorecem o mercado. É curioso que,
enquanto vemos uma Europa em crise, aqui temos uma meta a ser alcançada
para os livros. Temos um público a conquistar, diferentemente de outros
países.
Luciana
Villas-Boas, por sua vez, prefere não revelar ainda quem serão os
autores de sua agência (leia entrevista na página 2), mas é praticamente
certo que Edney Silvestre, Alberto Mussa, Francisco Azevedo e Rafael
Cardoso, todos escritores publicados pela Record, estarão entre eles.
Ela admite que o bom momento do setor pesou em sua decisão de montar a
empresa, mas faz um alerta quanto a comentários nacionalistas que vem
ouvindo sobre o investimento de grupos estrangeiros no Brasil:
—
O impacto de uma internacionalização da indústria brasileira do livro é
positivo para aumentar a profissionalização das relações. Nos EUA, a
maior parte da indústria editorial já está completamente
desnacionalizada. Há poucas editoras de peso que não foram compradas por
grupos estrangeiros. Isso não afeta a literatura americana — diz.
Editoras preparam reestruturação
A
nova agente literária se refere às aquisições recentes de editoras
brasileiras por grupos estrangeiros. No ano passado, a editora
portuguesa Leya, que tem operações no Brasil desde setembro de 2009,
comprou 59% das ações da editora carioca Casa da Palavra e ainda passou a
cuidar dos lançamentos das obras da Barba Negra, empresa especializada
em quadrinhos.
Em
dezembro, a principal notícia que surpreendeu o mercado, porém, foi a
compra de 45% das ações da Companhia das Letras pelo grupo britânico
Penguin, num negócio que pode ter ficado na casa dos R$ 50 milhões. A
própria Record, onde Luciana vai se manter como diretora até 31 de
março, já sofreu investidas de editoras estrangeiras.
—
Eu coloco várias condições para começar uma conversa. Quero saber qual o
grau de interesse em comprar a empresa e se será um processo que vai
somar. Já houve interesse, mas nunca percebi solidez nas ofertas —
afirma Sergio Machado, presidente do Grupo Record. — Acontece que, hoje,
qualquer analista internacional que esteja pensando estrategicamente no
segmento editorial precisa ter um plano-Brasil. Se eles não estiverem
dispostos a entender os ideogramas chineses ou o alfabeto russo, o
Brasil é o país que apresenta as melhores opções para o mercado. A
questão é que o crescimento da renda da classe média brasileira e as
melhorias da educação têm começado a dar resultado no aumento do consumo
de livros.
Os
sinais de mudança, porém, não estão apenas nas boas relações sendo
firmadas entre o mercado editorial do Brasil com o exterior. Por aqui,
chamam atenção o fortalecimento de editoras jovens, como a Novo Conceito
e a Intrínseca, e a reestruturação de antigas. Assim como aconteceu com
a Record, a Objetiva — que, aliás, teve 75% de suas ações compradas
pelo grupo espanhol Prisa-Santillana em 2005 — perdeu sua diretora
editorial, Isa Pessoa, no fim do ano passado. Ela está na Itália e
voltará a atuar no mercado em fevereiro de forma ainda não anunciada.
Ambas as companhias estão fazendo reformulações e devem dividir as
antigas funções de direção editorial entre mais de um profissional.
Na
Companhia das Letras, as novidades vão além. Agora com quatro
publishers respondendo a Luiz Schwarcz, a empresa planeja novas frentes
editoriais para este ano, sobretudo nos ramos dos livros digitais e nos
didáticos, e está reestruturando seu departamento de marketing. Já a
Ediouro contratou em setembro Sandra Espilotro, ex-Globo Livros, para
dar foco na prospecção internacional dos negócios.
—
Sou casado com uma historiadora, então acho que as mudanças não
acontecem de uma hora para outra. Nos últimos anos, surgiram novos
participantes, novas empresas, algumas estrangeiras, outras nacionais. É
um sinal de força que vem se construindo — afirma Schwarcz. — Já faz
tempo, por exemplo, que o mercado brasileiro é um importante comprador
de direitos. Compramos royalties em valores bastante altos e estamos na
prioridade dos agentes literários.
Todos
esses investimentos ocorrem, ainda, em meio às especulações sobre o
início da operação da livraria virtual Amazon, líder em vendas no mundo,
no Brasil. No início deste ano, a empresa americana contratou Mauro
Widman, ex-executivo da Livraria Cultura, como seu gerente de vendas
para o Kindle. A Amazon já vem negociando com as editoras brasileiras há
meses, mas o entrave tem sido o preço: a companhia teria pedido
descontos de mais de 60% na venda de livros para lançar o serviço, o que
desagradou as casas nacionais. Porém, recentemente a Amazon cedeu a
percentuais menores, com a intenção de lançar seus serviços em até seis
meses.
Venda de e-books ainda é insignificante
A
Amazon também estuda como fará para vender seu leitor de e-books, o
Kindle, no país. Hoje, o aparelho só pode ser importado de seu site
internacional, mas a empresa estuda até fabricá-lo no Brasil. Se os
acordos se concretizarem, o Kindle pode representar o maior incentivo
até o momento para a popularização dos e-books — apesar do investimento
recente das editoras e de livrarias como a Cultura e a Saraiva, a venda
de livros virtuais ainda é quase insignificante frente a de obras
físicas.
—
A Amazon vai chegar, e a tendência é que os tablets como o Kindle
comecem a ficar acessíveis ao grande público. A partir daí o mercado de
e-books vai existir — afirma Pascoal Soto, diretor editorial da Leya no
Brasil. — Antes mesmo desse período de vacas gordas da economia, o setor
dos livros no Brasil já era atraente para o mundo. As pessoas começaram
a perceber que existe um país interessantíssimo além do carnaval e do
futebol.
---xxx---
Destaquei certas partes que considerei de suma importância, porque a minha preocupação diante desses dados são em relação justamente a esse capital "misto" das Editoras. Não que eu seja contra o progresso, mas o progresso pelo progresso não me diz nada... Todavia, é notório que o Brasil se tornou uma fatia atraente de mercado nesse mundo globalizado pela crise, goste você ou não de admitir, estamos crescendo enquanto a maioria dos países desenvolvidos e está começando a fazer frente a quem não deveria incomodar. Então, a minha pergunta vem nesse sentido, até que ponto essa presença estrangeira em nossas editoras não está aqui para fazer frente ao escritor brasileiro já tão injustiçado por boa fatia desse mercado editorial?
Felizmente, muitos autores surgiram nos últimos anos, tiveram seus livros publicados e colheram louros, que seja na internet, nas revistas... Eu, talvez ao contrário de muitos, associo essa busca de nosso mercado pelos estrangeiros justamente a diminuição de consumo de livros desses países. Cada vez mais, incentivado principalmente pela internet e o contato que o leitor tem com o autor através de blogs, os livros nacionais são mais consumidos. Ainda não alcançamos o patamar que certamente premeditamos, caro autor nacional, mas demos um passo inegável... Num tempo de crise, para todos os lados, eu especulo que seremos novamente assaltados por um onda de obras estrangeiras que precisam avidamente de consumidores. Afinal, sempre paramos o consumo do que é nacional para dar lugar ao que "eles" precisam... Rezo para que eu esteja errada, mas acho que nós autores nacionais, mais do que nunca, devemos fincar nosso espaço, astear a bandeira e gritar bem alto: esse leitor é nosso!
Indiscutivelmente estamos gerando mais leitores, mas em contrapartida gerando mais autores, e eu acredito até que numa proporção bem próxima, porque o nosso povo gosta de cultura, apesar de nem sempre ter acessibilidade á ela. E, agora quando começa a surgir uma chama, vem alguém para apagar a vela do bolo? E o que essas editoras grandes podem começar a fazer com as menores, que realmente valorizam o nacional, diante dessa influência? Nós devemos nos apaixonar por nós mesmos, para aí sim, ser amado por outros... Respeitado por outros. Ame o livro nacional, ame o autor nacional, ame a si mesmo, porque se você não valorizar, quem vai? A Itália, o E.U.A, a França???
Me parece que não...
Bom, gente, polêmica de vez em quando quebra a rotina, né?? Vamos lá, deixe sua opinião!
Merry Meet!
Roxane Norris
2 comentários:
Realmente é uma pena que o autor nacional seja tão desvalorizado pelas editoras grandes.Mas acredito que isso irá mudar cedo ou tarde!
Mas será que isso não iria permitir que alguns livros nacionais alcem voos mais altos para o exterior? :/
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