Projeto Editorial: Editora Literata








Projeto Editorial
por Roxane Norris



Parte IV – Capista

Renato Klisman




Essa é a fase em que o autor vê o rostinho do filhote! Acho que é a que remete ele ao serviço completo; mas também é o cartão de visita do autor e o convite da obra. Vamos ver o que o Renato nos diz sobre isso? 


1 – Como vejo opiniões diversas sobre a importância das capas dos livros, e até mesmo como o autor e a editora encaram esse processo, gostaria de saber quais são realmente as funções de uma capa de livro?

R.K: Bom, na minha opinião, uma capa de livro tem a função de, em primeiro lugar, chamar a atenção do leitor. Não quero dizer com isso que ela deve ser espalhafatosa e chamativa, mas alguns detalhes são essenciais, dependendo do publico que se procura alcançar.
Em segundo lugar, ela deve trazer em si a essência do livro, algumas trazem isso de maneira mais rápida, outras tem todo um contexto por trás, que necessitam a leitura para o entendimentos.

Em terceiro, e não menos importante, uma capa tem a função de deixar um livro mais bonito, organizado. Penso que um livro sem capa, é como um corpo sem pele. Ninguém quer nem chegar perto.



2 – Sendo um profissional de criação, como vê a tarefa de um designer de capas?  

R.K: Posso definir em uma palavra?

Difícil.

Conseguir traduzir a essência de 100, 200, 500 páginas em uma única imagem não é nada fácil. As vezes o autor chega com algo quase pronto em mente, mas muitas vezes, é necessário todo um trabalho conjunto para chegar num acordo, que satisfaça tanto o designer quanto o autor.

O pior mesmo, acho que é refazer, refazer e refazer. Tem alguns momentos que você pensa: “Oh god, não aguento mais!”.

Porém eu sempre digo, quanto mais difícil o trabalho com uma capa, mais satisfatório é o resultado final.



3 – Em linhas gerais, como definiria seu processo de criação?

R.K: O Processo eu diria que começa usando o coração do autor, a essência do livro e a alma do capista.

Tudo o que vir depois, nada mais é que a união desses três.



4 – Eu noto que muitos capistas trabalham com Briefings (um tipo de dossiê do livro, pontuando dados relevantes da obra), por ser a melhor forma de unir a ideia do ator-editora e repassá-la a você. Todavia, eles variam muito em qualidade e quantidade de informações. O que seria um briefing eficiente na sua opinião?

R.K: Eu não costumo trabalhar com Briefings.

Gosto de conversar com o autor, sou mais do estilo Brainstorm, onde as ideias vão fluindo, e não ficamos presos a certas informações. Imaginar é tudo, quanto mais novidades, estilos, imaginação, melhor.

Assim, posso ir questionando o que realmente necessito para criação, sem ficar barrado por algumas poucas coisas que vem em um briefing.



5 – Mesmo contando com essa “ajuda”, que outros fatores você leva em consideração na composição do seu trabalho?

R.K: Imaginação, sentimentos, amor ao trabalho. Tanto por parte do autor, quanto por parte do capista.

Gosto daquela empolgação de estar ajudando a dar cara para mais um “filho” de um autor, que por hora, acaba sendo meu também. Hehe.

Não gosto de mecanicidade, onde é tudo pré-programado. Não gosto de seguir padrões, variar pra mim é tudo. Assim, consigo aumentar meu nível de abrangência de criação.
Podendo criar capas para ficções hiperfantásticas, romances, poesias, contos, crônicas e muito mais.



6 – Destaque um ponto que seja relevante no momento em que está compondo a capa. Aquele pequeno (ou grande) detalhe que você classifica essencial e que precise de um cuidado especial. Ele existe? 

R.K: O amor, é tudo. Criar uma capa, como coração frio, sem paixão por aquilo que você está fazendo, bom, pra mim não existe. Muitas vezes brigo com os autores, debato, exponho pontos, uso garras, dentes, e tudo mais que eu tiver disponível para defender uma ideia. Sempre, é claro, buscando chegar num acordo entre os dois.

A emoção que isso causa é indescritível, e as pulsações quando você finalmente vê tudo começando a se concretizar, é algo que não dpa muito para definir.

Só posso dizer que amo, cada uma das minhas capas, pois querendo ou não, há uma parte de mim em cada uma delas.



7 – Em seu tempo de trabalho com capas, já teve que refazer alguma? Como encarou isso?
Várias. Pra Vida Toda, da Nanda Meireles e Marcada a Fogo, da Josy Tortaro, foram as piores.

R.K: Eu e as autoras discutíamos ideias, trocávamos imagens, letras e tudo mais que você imaginar.

Me lembro que Pra Vida Toda foi tão hard, que uma hora a autora quase chegou a desistir. Mas eu insisti, briguei, e bom, o resultado final foi incrível.

Marcada a Fogo começou, meio que como uma diversãozinha, mas logo se tornou sério e, bom, fiquei quase um mês desenvolvendo aquela capa.



8 – Algum que tenha sido extremamente trabalhoso? E qual trabalho feito para esta editora que gostaria de pontuar como destaque?

R.K: A mais trabalhosa, acho mesmo que foi a de Pra Vida Toda, porque houve uma hora que nada parecia dar certo, e foi bem aí que a versão final surgiu e impactou a todos.

Entre os trabalhos da Literata, acho que foi o Marcada a Fogo, pelos motivos da questão anterior e, bom, ela foi meu trabalho pioneiro na literata. Se houve outros depois, foram consequências desta.



9 – Vou, agora, pedir suas considerações gerais sobre a entrevista, e aproveitar para agradecer em nome do Eu<3Livros por sua atenção e boa vontade de participar desse projeto.

R.K: Bom, eu A-M-E-I a entrevista e, só me resta agradecer e dizer que vida de capista não é fácil. Muitos me perguntam, como me tornei capista. Só respondo que, bom, nem eu mesmo sei. Foi naturalmente, consequências do blog e do meu livro, um dia eu simplesmente me toquei: “Oh God, sou capista *-*”.

E, um dos pontos legais desta entrevista foi que, acabei por descobrir pontos sobre mim que nem mesmo imaginava, hehe. Encerro-a feliz, sabendo que realmente amo meu trabalho e, torço para que as pessoas gostem dele.


=*

P.S: Estou nas redes sociais com:
Twitter: @rkbooks e @renatoklisman
E a página no face onde posto meus trabalho, entre banners, capas e ilustrações (Isso aí, virei ilustrador u_u, basta olhar no álbumdo Crônicas da Fantasia): https://www.facebook.com/designrk



Renato, quem agradece a oportunidade sou eu, em nome do blog, e deixo nossas portas abertas a você... Obrigada! 

Merry Meet

Roxane Norris

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