Eu ♥ Mestres Literários: Gabriel García Márquez

Salve, salve!

Whatsup? Pois é, hoje é o terceiro dia do mês maaaais legal do ano! Não só porque o inverno está aí como também porque eu faço aniversário daqui lindos dezoito dias.

Mas não é isso o que interessa e sim o mestre da semana. O escolhido de hoje não é apenas um escritor fantástico, como também um ser humano admirável. Ele representou uma nação que em sua época, vivia uma rígida ditadura que o deixou em situações muito difíceis quando trabalhava como correspondente em Paris para um jornal que foi fechado pelo governo, transmitiu ao mundo sentimentos por meio de obras que para sempre serão o legado de um homem que aos oitenta e seis anos, deixou saudades para todos os fãs quando em 2012 foi anunciada sua aposentadoria.

My little monsters: Gabriel García Márquez.

Gabriel José de la Concordia García Márquez


Gabo, como é carinhosamente conhecido, nasceu em 6 de Março de 1927 em Aracataca, na Colômbia. Foi criado desde bebê pelos avós maternos até os nove anos de idade, quando seu avô faleceu e ele foi viver com os pais, Gabriel Eligio García e de Luisa Santiaga Márquez, e dez irmãos em Barranquilla, para onde eles tinham se mudado logo após seus nascimento.

Como não teve muito contato com os pais em seus primeiros anos de vida, suas maiores influências foram os avós e seu convívio com eles viriam a repercutir em toda a sua vida posterior, incluindo em sua escrita e visão de mundo. O avô, também conhecido como “O Coronel”, um veterano da Guerra dos Mil Dias, tinha um posicionamento liberal e era considerado um herói pelos liberalistas colombianos. Uma das lições que Nicolás Ricardo Márquez Mejía ensinou ao neto foi o tamanho da responsabilidade sobre a vida de um homem, referindo-se ao peso que se carrega ao matar uma pessoa. Também era um bom contador de histórias e Gabo referia-se a ele como seu elo com a história e a realidade.

Sua avó, Dona Tranquilina Iguarán, influenciou sua escrita concedendo o tom mágico e fantasioso através de sua forma única de contar histórias, não importando quão extraordinárias fossem, relatando-as como se fossem a mais irrefutável verdade. O jeito com que ela, nas palavras do autor “tratava o maravilhoso como se fosse algo natural” viria a influenciar o trabalho do neto – em sua forma mais evidente, na obra Cem Anos de Solidão.

Em 1947, aos vinte anos, ele foi para Bogotá onde começa a estudar Direito, mas nunca chegou a concluir o curso. Em 1948, foi para Cartagena onde começou a trabalhar como jornalista e até 1949, escreveu para o jornal El Universal. Em 1950 ele retornou a Barranquila e começou a trabalhar para o El Heraldo, um jornal local. Foi ali que Gabo ingressou para um grupo informal de escritores e jornalistas, chamado Barranquila Group, onde foi motivado e inspirou-se para começar sua carreira literária. Nesse período, entrou em contato com o trabalho de diversos outros autores que influenciaram sua escrita e o ambiente no qual vivia lhe permitiu assimilar conhecimento e perspectiva da cultura caribenha, muito presente em suas obras.

Em 1955, escrevia para o El Espectador quando publicou uma série de catorze artigos na qual falava sobre um acidente ocorrido com um navio da marinha colombiana. Segundo a nota oficial dada sobre o naufrágio, a embarcação teria afundado devido a uma tempestade e o marinheiro sobrevivente era um herói. Entretanto, Márquez contrapôs essa ideia afirmando que o navio na verdade teria afundado por estar carregando cargas contrabandeadas que tinham se soltado no convés. Contou a história através de entrevistas que fez com o jovem sobrevivente, causando controvérsia e polêmica quanto a sua versão dos fatos. Mais tarde esse trabalho seria publicado como um livro intitulado Relato de um Náufrago.

Com isso, acabou sendo mandado para trabalhar como correspondente na Europa – neste período a Colômbia vivia sob o governo militar do general Gustavo Rojas Pinilla. Retornou a Barranquila apenas em 1958, quando se casou com Mercedes Barcha, sua esposa até hoje.

Os dois ainda viajaram de ônibus por todo o sul dos Estados Unidos, antes de se estabelecerem no México. A essa altura, eles já tinham seu primeiro filho, Rodrigo García. Em 1962, o segundo e último filho do casal, Gonzalo García, nasceu na cidade do México.


Obras e Prêmio Nobel

A lista de obras do autor é longa, contando com mais de vinte escritos, entre novelas, romances e artigos não ficcionais. Adepto do estilo realismo mágico – que consiste em misturar elementos mágicos e extraordinários a situações que de outra forma, seriam comuns e cotidianas – foi ele o responsável pela popularização do estilo na América Latina, principalmente. Seu grande mestre foi o norte-americano William Faulkner, também o motivo pelo qual Gabo quis conhecer o sul dos Estados Unidos: os lugares haviam inspirado a escrita de Faulkner.

Sua obra Cem Anos de Solidão foi publicada em 1967 e é considerada por muitos como sua obra-prima. Desde jovem, Gabo queria escrever uma história baseada em seus avós e o livro conta a trajetória da família Buendía na cidade fictícia de Macondo, acompanhando-os desde sua fundação até sete gerações depois. Traduzido em mais de trinta idiomas e contando mais de vinte milhões de cópias ao redor do mundo, Cem Anos de Solidão é tido como um marco da literatura latina. Entretanto, o próprio autor não entendia o sucesso estrondoso da obra afirmando que o romance tinha um pouco de piada e vários sinais para amigos próximos, ressaltando que alguns críticos simplesmente não percebiam isso e acabavam caindo no risco de se fazerem de tolos.

Depois da publicação de Cem Anos, Gabo retornou a Europa com sua família onde viveu por mais sete anos.

Em 1982, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura “por seus romances e contos, em que o fantástico e o real são combinados em um mundo ricamente composto de imaginação, refletindo a vida e os conflitos de um continente.”.

Outros trabalhos notáveis que ganharam grande reconhecimento – principalmente no Brasil – foram O Amor nos Tempos do Cólera e Memórias de Minhas Putas Tristes. O primeiro, foi inspirado no amor dos pais de Gabo, uma vez que quando eram jovens, seu avô "O Coronel", não gostava de Gabriel Eligio, seu pai, que tinha fama de ser um grande mulherengo conquistador. Entretanto, o rapaz fazia serenatas e declarações para dona Luisa e isso só fortaleceu o sentimento entre ambos. Finalmente, ganharam a benção dos pais da jovem e uniram-se em um casamento que em 1927, traria Gabo ao mundo.


Aposentadoria e dias atuais.

A mais recente novidade é sua biografia em forma de quadrinhos que será lançada no Brasil pela Editora Record, quando já foi publicada na Espanha em Março deste ano. O título do HQ é “Gabo – Memorias de una Vida Magica” e conta a vida do autor de forma a retratar o ser humano por trás do ícone, aproximando-o ainda mais de seus fãs. A obra tem o roteiro de Óscar Pantoja e ilustrações de Miguel Bustos, Felipe Camargo, Tatiana Córdoba e Julián Naranjo. Ainda não há previsão para a publicação aqui, mas vamos todos torcer para que seja breve!

Em 2002, Márquez lançou sua autobiografia “Viver para contar” (Vivir para Contarla título original em espanhol) que havia começado a escrever três anos antes, quando tinha sido diagnosticado com câncer linfático. O autor fez tratamento com quimioterapia e o procedimento sabidamente agressivo veio a trazer consequências posteriores. Em 2000, um poema foi atribuído a sua pessoa, como sendo uma “despedida” aos familiares e amigos. Na época, muitos rumores circulavam a respeito de seu estado de saúde e “estado terminal”, então o texto intitulado “La Marioneta” logo ganhou repercussão e centenas de pessoas se comoveram, espalhando ainda mais o escrito que na verdade, seria de autoria de um ventríloquo que trabalha no México, John Welch, para o seu boneco Mofles.

A primeira publicação teria sido feita pelo jornal La Republica, juntamente com a notícia de que o autor encontrava-se em estado terminal do câncer linfático contra o qual lutava há um ano. Se de fato isso aconteceu, não encontrei fontes confiáveis o bastante para afirmar com certeza. Mas o texto nunca foi de autoria de Gabo que se manifestou sobre o acontecido e desmentiu ambas as notícias: “La Marioneta” não era uma obra sua e ele não estava em estado terminal. Confirmou, entretanto, que estava fazendo tratamento para câncer.

Em 2009, cinco anos após a publicação de Memórias de Minhas Putas Tristes, Carmem Balcells, sua agente, afirmou para o jornal chileno La Tercera que o autor dificilmente voltaria a escrever, o que foi corroborado por seu biógrafo Gerald Martin.¹ Uma semana depois, o próprio Gabriel contrariou os comentários, afirmando ao jornal El Tiempo que “Não apenas não é verdade [que não voltaria a escrever] como a única coisa que eu faço é escrever”. ²

Infelizmente, a felicidade dos fãs do ganhador do prêmio Nobel não durou muito. A expectativa por um novo livro terminou em Julho de 2012, quando o irmão do autor, Jaime García Márquez, declarou a um grupo de estudantes em Cartagena, que o autor sofria de demência senil.

A doença, degenerativa, causa a perda de memória, mudanças de humor e personalidade, podendo também dificultar a capacidade de se pensar com clareza. Jaime Márquez confirmou que essa condição não é incomum em sua família e que a quimioterapia feita contra o câncer havia destruído muito de seus neurônios e células e que isso acelerou o processo, além de explicar que o assunto foi mantido em sigilo para respeitar a vida particular do autor.

Com essa revelação, foi tornada pública a “aposentadoria” de Gabo por um motivo que ia além de seu desejo e paixão pela escrita. Não seria possível para ele escrever, devido a sua doença, nem mesmo a segunda parte de Viver para Contar.³  “Infelizmente acho que não será possível, mas tomara que eu esteja errado.” Afirmou Jaime que também disse que o irmão está bem fisicamente, destarte os problemas de memória e que apesar de tudo, todos se sentem felizes porque ainda tem seu ente querido.

"Mas ainda temos ele, podemos falar com ele com muita alegria e com muito entusiasmo, como sempre foi." – Jaime García Márquez


Atualmente, Gabo vive no México com sua família e em seu último aniversário, quando completou 86 anos, parecia feliz e sorridente ao sair para pegar um ramalhete de rosas amarelas, sua cor favorita.



Bom, meus monstrinhos... Foi isso.

Escrever sobre autores que admiramos pode parecer fácil, mas não é. Um dos meus primeiros livros foi Cem Anos de Solidão e eu não sei mensurar o quanto García Márquez influenciou meu gosto literário e meu próprio estilo de escrita. A notícia de sua aposentadoria já não é recente (data de Julho de 2012), mas o impacto que teve em mim e em todos os fãs, como também na comunidade de leitores afora, foi forte. Eu já acompanhava a carreira do autor desde os catorze anos quando em 2009, vieram as notícias sobre ele não escrever mais e nem sei dizer o quanto me aliviou quando ele próprio disse que “não somente não é verdade, como a única coisa que eu faço é escrever.”.

Então a notícia de sua doença e aposentadoria foi não somente dolorosa, como inesperada, ao menos para mim. Trouxe uma névoa densa e obscura de impotência e lamento por ver uma das maiores mentes do século vinte sofrendo os efeitos de uma doença que não lhe permitia mais as próprias memórias.

É triste saber que a probabilidade de que Viver para Contar tenha sua continuação é mínima. Por mais tolo que possa parecer, eu ainda mantenho aquela fagulha de esperança que todo fã tem, de que Gabo volte a escrever. Que ele nos traga mais da magia que ninguém discorre tão bem.

Entretanto, mesmo que o tempo tente levar as lembranças de nosso querido Gabito, jamais vai poder apagar seu legado, deixado não apenas na forma de seus livros, como também nas contribuições que fez à literatura e a um mundo que só pode lhe dizer um singelo obrigado.


Por tudo.


Um beijo da heavy e boas leituras.

1 comentários:

Lis disse...

Oh amora... Deu pra sentir nas suas linhas o tantão que ele foi importante pra ti.
É realmente triste que uma mente descrita como tão brilhante tenha encontrado essa trajetória. Mas fica a gratidão por tanta contribuição ao mundo!

Num planeta que consegue ficar mais burro todos os dias, grandes mentes como a dele deveriam ser eternas. Fato.

Excelente publicação! Como sempre, nossa enciclopediazinha favorita continua a todo vapor *-*

Um beijo da flor!

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